Durante todo o ano de 2023, os membros do Fórum Desenvolve Londrina vêm se debruçando sobre o indicador da atividade empresarial na cidade. A entidade reconhece a importância desse setor para o crescimento econômico e o desenvolvimento social do município e vê no dinamismo empresarial uma peça fundamental em mercados cada vez mais competitivos. O conceito surge como determinante na criação de novas corporações e na expansão das já existentes.

Um dos tripés do trabalho do Fórum é o Fórum em Debate, que nesta quinta-feira (28) chegou a sua 7ª edição, com o tema “Dinamismo Empresarial como Gerador de Oportunidades”. A discussão partiu de duas experiências bem-sucedidas, o Biopark, em Toledo, no Oeste paranaense, com foco na formação e qualificação da mão de obra, e o Join.Valle, instituição criada na cidade de Joinville (SC) e que atua na promoção da inovação e do empreendedorismo como vetores do desenvolvimento econômico sustentável.

“Queremos estudar as questões que funcionaram lá e ver como isso pode solucionar uma das problemáticas que a gente encontrou durante todo o ano. As empresas de Londrina não estão crescendo como gostaríamos e como poderiam estar crescendo”, destacou o presidente do Fórum Desenvolve Londrina e CEO do Grupo Folha, Nicolás Mejía.

Sempre na disputa com Londrina pelo posto de terceira maior cidade do Sul do Brasil, Joinville já alcançou a terceira colocação em importância econômica na região. O município do Norte catarinense fortaleceu sua economia a partir da atividade industrial, especialmente no setor metalmecânico direcionado à produção automotiva. Mas para manter essa pujança, por diversas vezes foi preciso se reinventar.

Um dos mais recentes movimentos em direção à renovação aconteceu em 2015, quando o poder público, os empresários e a sociedade civil organizada iniciaram um trabalho na ampliação da matriz econômica do município com o objetivo de aumentar a geração de riqueza e de valor agregado. Trabalho que teve em sua base a inovação e o empreendedorismo. Enquanto os projetos de inovação buscavam uma maior competitividade para as indústrias já instaladas, o empreendedorismo atuou em duas vertentes, uma voltada à geração de novos negócios e a segunda com foco no estímulo à atitude empreendedora no ambiente corporativo.

Os resultados das ações começam a aparecer. O Índice de Cidades Empreendedoras 2023, desenvolvido pela Enap (Escola Nacional de Administração Pública e pela Endeavor, classificou Joinville como a terceira melhor cidade para empreender no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Florianópolis, na primeira e segunda colocações, respectivamente. O município também tem conseguido melhorar indicadores como o PIB (Produto Interno Bruto) per capita e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

Nesse processo, destaca-se a atuação do Join.Valle, uma associação sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo e a inovação. A organização foi criada em 2018, dentro da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, mas hoje segue de forma independente. “Há grandes desafios ainda pela frente, mas a gente entende que esse é o caminho”, disse o diretor executivo do Join.Valle, Fabiano Dell Agnolo. “Como entendemos que se tratava de programas e projetos de médio e longo prazo, nós criamos uma associação livre das amarras do poder público, que é nosso parceiro."

Reuniões periódicas entre lideranças de 35 grandes empresas para compartilhar experiências de inovação aberta, programas de nivelamento dos conceitos de inovação, de desenvolvimento do empreendedorismo e criação de novos negócios para a solução de problemas reais das indústrias ou da sociedade são alguns dos exemplos das ações engendradas pelo Join.Ville nos cinco anos de existência. “Temos uma conexão muito próxima com as empresas e as indústrias”, ressaltou Dell Agnolo, que aponta como uma das razões do sucesso o que ele define como “quadrihélice”, que consiste no engajamento da academia, empresas, poder público e sociedade civil organizada. “A gente tem conseguido trazer esses atores para a mesa de discussão e isso é fundamental. O segundo ponto que influencia é a gente ter um inimigo em comum ou um sonho grande que seja compartilhado por todos e que faça com que nossas disputas e egos fiquem pequenos.”

Em Toledo, o destaque é o Biopark, um parque científico e tecnológico de biociências em atividade há sete anos, gerido integralmente pela iniciativa privada e que ocupa uma área de cinco milhões de metros quadrados. O local é voltado à formação e qualificação de mão de obra e ao desenvolvimento de programas de empreendedorismo para corporações que buscam o crescimento. “Estamos construindo uma cidade. Estamos fazendo um loteamento e, dentro desse loteamento, ancoramos com universidades e centros de pesquisa para que valorizem a operação dessas empresas que estão desenvolvendo valor agregado como riqueza”, ressaltou o vice-presidente do Biopark, Paulo Victor Almeida.

“O nosso maior pilar e a nossa maior essência é a educação focada em entregar um conhecimento e um comportamento para que a gente tenha na ponta pessoas com competência. Investimos na formação e preparamos o profissional para o que o mercado está pedindo”, disse Almeida.

Atento às lacunas não atendidas em relação às necessidades e desejos das corporações, o Biopark desenvolveu um modelo de programa que, em seis meses, promete formar mão de obra específica para atender a qualquer demanda empresarial. Para atrair e manter os estudantes em sala de aula durante seis a sete horas diárias, o parque tecnológico oferece bolsas no valor de R$ 2 mil. “Estamos qualificando essa matriz de empregados Pegamos frentistas, padeiros e outros profissionais que têm um salário baixo e entrego mais dinheiro para ele estudar. Em seis meses, ele recebe o dobro como um analista júnior, entrando em uma empresa de tecnologia”, disse o vice-presidente.

No lugar de investir na atração de novas empresas, Almeida propõe aos municípios reforçar os investimentos na criação de um ecossistema de solução. “Hoje, a concorrência não é mais entre Oeste do Paraná e Norte do Paraná. A concorrência é entre ecossistemas. Uma empresa decide ir para um local não pelo terreno, ela decide ir por inúmeras dores que o ecossistema soluciona. E a mão de obra, as pessoas, sempre vão ser o centro. Precisamos qualificar as pessoas com competências que gerem riqueza.”

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