O diretor de Política Monetária e Econômica do Banco Central, Bruno Serra, disse que a dinâmica de reformas que vem sendo promovida pelo governo elevará o PIB potencial do País.

No seminário "Dívida Pública - caminhos para a sustentabilidade", organizado pelo Tesouro Nacional, Serra disse que os economistas ficaram muito concentrados nos resultados primários até o ano de 2015. "Nós analistas deveríamos ter focado mais na dinâmica do gasto, não só no primário", disse.

Ele ressaltou que o governo vem promovendo uma mudança no crédito, com o setor privado ganhando protagonismo e o crédito direcionado ficando para trás. "Olhar só para o primário é uma medida restrita e não reconhece o esforço que o governo tem feito", completou. "A mensagem da última ata (do Copom) é que a característica desse ciclo econômico é diferente. O Estado hoje é grande, mas começa a perder participação."

Serra destacou o histórico de aumento de gasto público e pressão por inflação que levou aos juros altos praticados nos anos anteriores a 2015. "A dinâmica de gastos públicos foi interrompida em 2015 (por falta de espaço fiscal), batemos na parede", lembrou.

O diretor ressaltou que não é possível descuidar dos gastos públicos e que o País está construindo um "framework" para que o ambiente atual dure pelos próximos anos. "Juro baixo não é desejo do BC, é consequência do lado fiscal", concluiu.

No evento, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, disse acreditar que o cenário de juro baixo "veio para ficar". "Sou otimista", acrescentou.

Ele lembrou que por muito tempo reclamou-se dos juros altos sem "olhar no entorno do Banco Central" que tinha de aumentar a Selic para compensar a expansão fiscal". Mesquita destacou ainda que a economia brasileira está "ganhando tração", mas que a recuperação não é homogênea nem por setor nem por região. A previsão do banco para o crescimento da economia é de 1% neste ano, 2,2% em 2020 e 3% em 2021.

A economista-chefe do J.P. Morgan, Cassiana Fernandez, acrescentou que as previsões para o crescimento foram cortadas neste ano não só para o Brasil, mas para países como a China e para a União Europeia. "O cenário externo é desafiador", completou.