Imagem ilustrativa da imagem DER manda Econorte tirar lombadas e cancelas 'antifugas' de pedágio
| Foto: Mayara Roberta Ribeiro/Arquivo Pessoal

A superintendência do DER (Departamento de Estradas de Rodagens) em Londrina determinou nesta segunda-feira (7) que a concessionária Econorte retire os dispositivos redutores de velocidade instalados na praça de cobrança de Jataizinho na semana passada. O objetivo da empresa é evitar que motoristas aproveitem o “vácuo” dos veículos da frente e passem pelas cancelas sem pagar a tarifa.

No embate contra os motoristas infratores, a Econorte instalou lombadas e cancelas antes das cabines de pagamento. A medida provocou insatisfação não apenas de quem costumava burlar a cobrança - mesmo sujeitos a multas -, mas também outros usuários que passaram a esperar mais nas filas.

O superintendente do DER em Londrina, Marco Aurélio Sguario, afirma que a colocação dos dispositivos necessita de autorização do poder concedente, que não foi pedida. De acordo com ele, a notificação determina a retirada dos redutores de velocidade e dispõe que, caso a empresa ainda queira mantê-los, que apresente o pedido de autorização acompanhado de estudos técnicos que comprovem a necessidade.

Por meio da assessoria de imprensa, a Econorte informou que até as 14h39 não havia recebido a notificação e que os dispositivos visam "exclusivamente a segurança dos usuários que transitam pela praça de pedágio” "A Econorte está buscando junto ao DER/PR a melhor solução para garantir a segurança de todos usuários, bem como dos funcionários que trabalham na praça de pedágio”, conclui a nota.

INSATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS

Moradores de Jataizinho e Assaí participaram de protesto promovido na tarde de domingo (6) contra o alto preço cobrado na praça de pedágio entre os municípios. Os manifestantes reclamam de prejuízos provocados pelo preço praticado, que inviabilizaria o comércio das cidades ao redor. O ato, entretanto, só foi realizado após a instalação de obstáculos pela Econorte para evitar a fuga de condutores sem pagar a tarifa.

O protesto começou por volta das 15h30 e durou até as 18h. Os manifestantes deixaram apenas uma pista aberta em cada um dos sentidos e liberaram as cancelas. Eles reclamam que o preço não condiz com os serviços prestados pela concessionária responsável pelo trecho, uma vez que a rodovia não é duplicada praticamente em todo o trecho que separa as cabines de cobrança de Jataizinho e Jacarezinho, mesmo com as tarifas mais altas do Estado. Os altos valores servem como justificativa a motoristas que “furam” o pedágio.

A confeiteira Mayara Roberta Ribeiro foi ao protesto acompanhada do marido, da sogra, da mãe, do pai e até de um funcionário dele. O motivo? O preço abusivo. “Está muito caro e, api, colocaram cancelas para o povo não furar, porque estava havendo muita evasão. Mas isso é por causa do preço, é muito caro”, reclama.

Moradora da zona rural de Jataizinho, o preço para ir e voltar da área urbana é de R$ 47,40. Ela conta que possuía cartão de isenção, que foi recolhido pela Econorte para recadastramento. Entretanto, ela reclama da burocracia, que demanda documentação minuciosa, e do tempo para entrega do cartão, que chegaria, segundo ela, a 30 dias.

Comerciante e funcionário público de Assaí, Leno Almeida reclama de reportagens sobre evasão das praças de pedágio que não abordam a motivação dos motoristas. "Se o valor fosse justo, [o motorista] não furaria. Não somos contra o pedágio, mas contra o preço abusivo cobrado”, diz. E complementa: “Eu gasto R$ 40 de combustível para ir a um shopping em Londrina e [quase] R$ 50 de pedágio. Acha isso justo?”, questiona.

Ele, que também participou do protesto, diz que a reivindicação é para que a empresa cumpra as exigências do contrato, duplicando as pistas e aumentando a segurança. “Só fazem jardinagem. Nossas curvas são horríveis, não tem segunda faixa. Nós queremos saber por que é R$ 23,70 [a tarifa], sendo que em outros lugares é mais barato”, jutifica.

Ainda de acordo com ele, o valor alto prejudica o comércio e a criação de emprego das cidades da região, afastando indústrias destes municípios. “Eu tenho empresa e trabalho para a Prefeitura de Assaí. Lá dentro, a gente sabe que tem empresas que se interessam em se instalar por aqui, mas preferem outros lugares que não têm pedágio por perto. Nossa economia é muito enfraquecida. São cidades pequenas, todas pobres. Esse pedágio arrebenta com a gente”, desabafa.

A movimentação também atraiu o deputado federal Boca Aberta (Pros) e seu filho, o deputado estadual Boca Aberta Jr. (Pros), que levaram até o local o caminhão de som batizado de “Fred Kruhger”. A Polícia Rodoviária Federal não registrou ocorrências graves na manifestação ocorrida neste domingo.

A Econorte lamentou a ação dos manifestantes. Por nota, disse que vários invadiram a praça de cobrança, ingeriram bebidas alcoólicas, bloquearam o tráfego e praticaram atos de vandalismo e depredação de patrimônio - o que é negado pelos manifestantes.

Leia a manifestação da empresa na íntegra:

“Em relação às manifestações ocorridas na tarde deste domingo, a Econorte informa que havia decisão judicial permitindo a liberdade de expressão, mas impedindo a prática de atos irregulares, e lamenta que a mesma não tenha sido respeitada pelos presentes. Os manifestantes invadiram a praça, muitos deles com o rosto encoberto e, aliado a um intenso consumo de bebidas alcoólicas, realizaram bloqueio do tráfego na via, praticaram atos de vandalismo e depredação de patrimônio púbico, colocando em risco a segurança dos colaboradores e usuários que passaram pelo local. A Concessionária lamenta o ocorrido e informa que adotará as medidas judiciais cabíveis.”