O Grupo FOLHA promove, na próxima quarta-feira (14), o segundo debate das Rodadas de Conteúdos, que desta vez traz em pauta a inovação no agronegócio e o futuro no campo.

Imagem ilustrativa da imagem Debate foca inovação no agronegócio
| Foto: Marcos Zanutto/19-11-2019

A mediação ficará a cargo de George Hiraiwa, diretor de Inovação da SRP (Sociedade Rural do Paraná) e coordenador da Agro Valley.

Os painelistas serão Haroldo José Polizel, superintendente-geral da Integrada Cooperativa Agroindustrial; Marcelo Giovanetti Canteri, docente da UEL que coordena a implantação do Centro de Inteligência Artificial no Agro; e Sibelle de Andrade Silva, diretora de Inovação do Ministério da Agricultura.

Polizel lembra que a inovação no campo vai muito além do avanço tecnológico promovido pela informatização dos processos.

“É algo mais amplo que abrange novas maneiras de plantar, de colher, de aplicar defensivos, de fazer o manejo de toda a operação, passando pela recuperação de áreas degradadas, sempre com o objetivo de aumentar a produtividade e a rentabilidade”, explica.

Dentro desse contexto, Polizel frisa que o produtor tem hoje muito acesso a esse tipo de inovação. “Cooperativas como a Integrada são um elo entre empresas de máquinas, de novos insumos, defensivos, fertilizantes, além de pesquisas da Embrapa, um canal de conexão entre produtor e entidades.”

O superintendete acrescenta que um dos resultados promovidos pela inovação no campo é produzir mais no mesmo espaço. Segundo dados oficiais, os produtores têm conseguido isso de maneira expressiva.

Um estudo do Ministério da Agricultura mostra que a produtividade das áreas agrícolas cresceu mais de dez vezes em 40 anos no Brasil, entre 1979 e 2019. Enquanto a área plantada aumentou 33%, a produção agrícola cresceu 385%.

“Se analisarmos como o produtor fazia seu manejo há 15, 20 ou 30 anos, mudou quase tudo. Isso mostra o quanto o produtor tem aderência à inovação e o quanto ele tem aplicado isso no seu dia a dia”, pontuou.

Esse crescimento da produtividade vem ao encontro do aumento da demanda mundial por alimentos. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) projeta que em 2050 será necessário alimentar 9 bilhões de pessoas no mundo.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

O docente da UEL Marcelo Giovanetti Canteri coordena a implantação do CIA Agro (Centro de Inteligência Artificial Agro). O centro que aplicará a inteligência artificial para solucionar problemas no campo está previsto para começar as atividades no segundo semestre deste ano.

“A função do centro será transferir conhecimento da pesquisa para ser aplicado no mercado, praticamente a definição de inovação. Por isso a parceria com empresas da iniciativa privada”, explicou.

O centro é produto de uma iniciativa da universidade em parceria com o IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural)-PR, a Embrapa Soja, a UTFPR e a Fundação ABC. Conta com o financiamento da Fundação Araucária e de empresas privadas e cooperativas.

“A agricultura atual trabalha mais com sistemas reativos e corretivos, ou seja, soluciona o problema após ele ter ocorrido. A inteligência artificial permitirá prever problemas e já traçar prescrições para haver uma solução antecipada. Por exemplo, prever a ocorrência de epidemias de ferrugem asiática da soja.”

Canteri acrescenta que, por conceito, a inovação vem depois da academia, ou seja, depois da pesquisa, da invenção.

“Inovação, grosso modo, é uma invenção que necessita ter utilidade no mercado. No passado, em muitos casos havia uma desconexão da pesquisa com o mercado, ou seja, a pesquisa realizada sem preocupação com a aplicação. O CIA Agro vem para fazer essa ponte”, destaca.

ACADEMIA

Dentro desse contexto, a UEL oferta disciplinas de Agroinformática na graduação, de Empreendedorismo e Inovação na pós-graduação e também possui a Aintec/Intuel para abrigar start-ups. “Ou seja, o agro da instituição está sintonizado com a inovação do mercado.”

Segundo o docente, a tendência da academia é se defasar em relação ao dinamismo do mercado.

“A UEL, junto com seus parceiros de pesquisa, está buscando evitar a defasagem e até se antecipar, trabalhando em conjunto com as empresas. O CIA Agro captará as demandas do mercado, analisará as pesquisas das instituições e fará as conexões entre essas duas partes, utilizando a inteligência artificial”, conclui.

MEDIAÇÃO

O mediador do debate desta quarta-feira (14) será George Hiraiwa, diretor de Inovação da SRP (Sociedade Rural do Paraná) e coordenador da Agro Valley.

“Devido ao ecossistema agro que trabalha unindo academia, setor público, setor empresarial e entidades representativas, temos uma condição ideal para o surgimento de startups. Hoje a Agro Valley contabiliza 54 delas atuando em

várias frentes na nossa região, levando eficiência ao campo, razão pela qual nos autodenominamos Berçário Nacional das Startups Agro”, destaca.

Esse próximo debate da Rodadas de Conteúdos, inclusive, trará representantes da chamada Hélice Quádrupla – governo, empresariado, entidade e academia.

Hiraiwa considera que a inovação ganhou grande aceleração com a chegada da digitalização, responsável por criar novas formas de produção a cada dia.

“Caminhamos rapidamente para a era dos dados com a utilização de tecnologias como a inteligência artificial, machine learning, blockchain, modelos de fenotipagem e bioeconomia. Na prática, a digitalização deve ser um meio que mostre os caminhos em que o grande beneficiado serão todos os integrantes da cadeia do agronegócio, que poderão tomar decisões seguras baseadas em dados.”

Sobre o aumento da demanda mundial por alimentos no mundo projetado pela FAO, de que será preciso aumentar mais 70% a produção de alimentos até 2050, Hiraiwa destaca que o Brasil está no caminho certo.

“A expectativa é de que o Brasil contribua com cerca de 40% nesse incremento. Nos últimos 40 anos, passamos de importador para sermos um grande produtor e exportador de alimentos, colocando a ciência e o conhecimento em primeiro lugar. Desenvolvemos tecnologias, inovação e empreendedorismo, posicionando o país como protagonista no desenvolvimento da agricultura tropical, com muita competitividade e sustentabilidade”, conclui.

CONECTIVIDADE

A diretora de Inovação do Ministério da Agricultura, Sibelle de Andrade Silva, traçará um panorama das inovações na agropecuária durante o painel.

Entre os temas a serem contemplados, figuram os alimentos cada vez mais resistentes ao clima e alguns exemplos que trouxeram maior conectividade ao agro, como aplicativos, sensores, entre outras tecnologias que resultam em maior precisão no campo e no incremento da produtividade.

O impacto da tecnologia 5G sobre a Internet das Coisas no campo também estará em pauta. “O edital do 5G deverá ser publicado ainda este ano”, afirmou Sibelle.

O edital terá os compromissos de cobrir 27 mil quilômetros de rodovias federais e quase 10 mil localidades, entre vilas, áreas urbanas isoladas e aglomerados rurais com menos de 600 habitantes, com banda larga móvel 4G.

Londrina será a terceira cidade brasileira que terá uma mostra do impacto da tecnologia 5G no campo. A antena está prevista para ser instalada em agosto no município. O primeiro projeto-piloto foi desenvolvido em Rondonópolis (MT) e o segundo, em Sorocaba (SP).

“Será uma unidade demonstrativa, experimental. A tecnologia 5G traz uma comunicação máquina-máquina muito mais otimizada, com mais estabilidade, no maior potencial que podemos ter. O projeto-piloto é também uma oportunidade de as operadoras de telefonia demonstrarem capacidade para se habilitar ao futuro edital”, explica.

O acesso à internet no campo é um dos principais desafios do agronegócio. Segundo o último Censo Agropecuário, de 2017, mais de 70% das propriedades rurais brasileiras não possuem conexão.

FUTURO

Ao todo, as Rodadas de Conteúdos realizarão seis encontros com os principais empresários, especialistas e formadores de opinião debatendo o futuro da nossa região. O evento tem o patrocínio da A. Yoshii, Integrada, Pado, Raul Fulgêncio e Unimed.

Os debates pretendem trazer rico conteúdo, sempre com transmissão ao vivo pelas redes sociais da FOLHA e pelo YouTube, a partir das 19h. A programação se estende até novembro.

SERVIÇO:

Tema: A nova geração do agronegócio – o que a pandemia ensina para o futuro do campo

Mediador: George Hiraiwa, diretor de Inovação da SRP (Sociedade Rural do Paraná) e coordenador da Agro Valley

Painelistas:

- Haroldo José Polizel, superintendente-geral da Integrada Cooperativa Agroindustrial

- Marcelo Giovanetti Canteri, docente da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Atua nos programas de pós-graduação em Agronomia e em Computação Aplicada. Coordenador da implantação do Centro de Inteligência Artificial no Agro

- Sibelle de Andrade Silva, diretora de Inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Horário: 19h

Confira a programação completa

14 de julho: A nova geração do agronegócio – o que a pandemia ensina para o futuro do campo

11 de agosto: Como a inovação pode aumentar a produtividade e a qualidade na construção civil e no mercado imobiliário

15 de setembro: Inovação no mercado financeiro – o futuro das relações financeiras

13 de outubro: As inovações e relações na Educação no cenário pós-pandemia

10 de novembro: As perspectivas do empreendedorismo para 2022

Início das lives: 19h