A Lei de Incentivo ao Esporte permite que pessoas jurídicas ou físicas destinem parte do Imposto de Renda (IR) para a promoção de projetos específicos, mas é subaproveitada em Londrina. As causas são a baixa procura por parte de empresários e, principalmente, a falta de propostas de entidades esportivas. Segundo o Ministério do Esporte, há hoje apenas um pedido de captação de recursos ativo na cidade, dos 75 do Estado.
Por isso, representantes de associações do setor e empresários participaram na noite de ontem, na sede da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), da palestra "Lei de Incentivo ao Esporte: Desafios e Oportunidades", que busca estimular a apresentação de projetos e o fomento de parcerias com a iniciativa privada. Um dos organizadores do evento, o coordenador de projetos da Federação Paranaense de Taekwondo, José Guilherme Flenik, afirma que há muita dependência na cidade da Fundação de Esportes de Londrina. "Estamos querendo mostrar que todos podem dar esse incentivo, que é simples, mas pouco conhecido."
O empresário pode destinar até 1% do IR a projetos do tipo, desde que a declaração seja feita com base no lucro real. Para pessoas físicas, o percentual é de 6% e ambos recebem o abatimento ou restituição sobre o imposto no ano seguinte.
Criada em 2007, a lei permitiu o investimento de R$ 229 milhões no ano passado em projetos no País. No entanto, o governo federal havia definido como teto o montante de R$ 400 milhões, o que deixa espaço para novas propostas. "Temos divulgado bastante a lei que permite a doação a fundações que se enquadram no Estatuto da Criança e do Adolescente e tem um bom resultado, mas, no caso do esporte, é preciso mais organização para criar projetos e captar recursos", diz o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina (Sescap), Euclides Nandes Correia.
Correia lembra que são poucas as empresas na região que fazem a declaração do IR pelo lucro real, adequada a médias e grandes empresas. Mesmo assim, afirma que há procura em Londrina, mesmo com a falta de projetos. "Vale lembrar que é uma forma dos recursos ficarem na região, sem precisar passar pelo governo federal."
Um dos palestrantes de ontem, o diretor de Fomento ao Esporte do Ministério, Paulo Vieira, diz que o problema não é só da cidade. "Um diretor de usina me disse que buscou um projeto na cidade para investir em Maringá e, como não achou, teve de patrocinar um de Umuarama", conta. Mesmo assim, destaca que o programa bateu a marca de R$ 1 bilhão direcionados de 2007 a 2013.
Também palestrante, o consultor do Corinthians Alison Gustavo Pereira diz que a grande dificuldade nas pequenas entidades não é aprovar projetos, mas não tratá-los de forma profissional na hora de vender a ideia. "É comum faltar um plano de divulgação de mídia. E, para chegar em alguém, é preciso conhecer a política de patrocínio da empresa para saber como abordar."
Responsável pelo projeto de construção do centro de treinamento das categorias de base do clube, ele conta é preciso deixar claras as são vantagens para as empresas, como a inclusão da marca em material de comunicação visual do clube e o convênio para uso de academia ou para eventos corporativos. "Sem contar que o valor que se coloca no projeto é 100% dedutível no IR", diz Pereira.

Imagem ilustrativa da imagem Debate busca unir projetos esportivos e empresas locais