Desde a década de 70 estão sendo encontrados fragmentos paleontológicos em Cruzeiro do Oeste
Desde a década de 70 estão sendo encontrados fragmentos paleontológicos em Cruzeiro do Oeste | Foto: Paulo Manzic/Divulgação



Cruzeiro do Oeste (Noroeste) pretende em médio prazo se tornar um destino turístico regional. O município paranaense quer explorar o nicho o turismo científico e criar demanda para a abertura de hotéis e restaurantes na cidade.

No começo da década de 1970, o agricultor Alexandre Gustavo Dobruski e o filho, João Gustavo Dobruski, esbarraram com fósseis de dinossauros. Mas só em 2011 o achado paleontológico foi confirmado. Em 2015, a descoberta de um fragmento de uma mandíbula revelou uma nova espécie de lagarto fóssil. "O que temos já é revolucionário na paleontologia e os especialistas dizem que estamos só no começo. Isso nos leva a pensar em atrair cientistas, e o público em geral, para conhecer o que o passado nos guardou por tanto tempo", afirmou a prefeita Helena Bertoco (PDT).

A intenção dela é tornar a cidade um destino turístico regional e, para isso, a administração municipal está trabalhando em conjunto com a Câmara de Cruzeiro do Oeste e o MP (Ministério Público) para que os fósseis encontrados fiquem no município e façam parte do acervo de um futuro museu paleontológico.

"Queremos investir em infraestrutura como um museu, salas de laboratórios de pesquisa para servir de ponto de partida para os pesquisadores", explicou a prefeita.

Bertoco está em contato com os governos estadual e federal para buscar recurso para construção do museu. Também estão nos planos um pórtico e instalação de réplicas de animais pré-históricos na entrada da cidade.

Segundo ela, a conclusão das obras de ampliação e modernização do aeroporto de Umuarama e a perspectiva de ter voos diretos com Curitiba, abrem a possibilidade de fomento do turismo regional. "Podemos desenvolver a hotelaria, as lanchonetes e restaurantes. É um projeto de médio prazo, que vai representar trabalho para a população local", ressaltou.

A base econômica de Cruzeiro do Oeste são as pequenas e médias propriedades rurais e, de acordo com Bertoco, o município é pobre em arrecadação. Hoje, a única atração turística é uma igreja católica tombada pela Patrimônio Histórico, no bairro Cafeeiro.

DESCOBERTAS
Sem entrar em detalhes, a prefeita contou que em breve serão divulgadas novas descobertas do sítio paleontológico, resultado de pesquisas da UEM (Universidade Estadual de Maringá). "As descobertas dos últimos meses poderão revolucionar o segmento. Aguardamos apenas a publicação dessas descobertas em revistas científicas internacionais para, depois, revelá-las, o que deve acontecer nas próximas semanas", adiantou.

Em 2015, um fragmento de mandíbula de 1,8 centímetro revelou uma nova espécie de lagarto fóssil, batizada de Gueragama sulamericana. A descoberta foi publicada na revista científica "Nature Communications" pelos pesquisadores do Cenpaleo (Centro de Paleontologia), da Universidade do Contestado, de Santa Catarina, em parceria com o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade de Alberta, no Canadá.

Segundo os pesquisadores, foi o primeiro registro fóssil desse grupo de réptil na América do Sul. O Gueragama pertence aos lagartos iguanídeos acrodontes, que existem apenas nos continentes do Velho Mundo. O fragmento encontrado em Cruzeiro do Oeste tem aproximadamente de 80 milhões de anos, no período Cretáceo. No local também foi encontrado, no ano anterior, o fóssil de um pterossauro da espécie Caiujara dobruskii.