Crise do café pode arruinar pequeno produtor
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terça-feira, 15 de maio de 2001
France Presse
A organização não-governamental humanitária Oxfam advertiu ontem que um fracasso na gestão da crise dos preços do café, que registram seu pior nível histórico, condenará milhões de lavradores a uma pobreza extrema nos países produtores.
Nas vésperas de uma importante reunião dos países produtores de café em Londres, a organização britânica destacou num informe a conexão entre o destino dos pequenos produtores e o sucesso de grandes redes internacionais como a americana Starbucks, ou de grandes nomes da alimentação mundial como a suiça Nestlé.
A crise nos mercados do café traz lucros recordes para alguns e pobreza intensa para outros, declarou Céline Charveriat, autora do informe.
A Associação de Países Produtores de Café se reúne esta quarta-feira em Londres para avaliar sua política de retenção de seus estoques, aplicada há um ano para tentar que os preços se reanimem.
Os governos do hemisfério norte tiveram um papel lamentável ao recusarem colocar a crise dos mercados das matérias-primas em sua agenda internacional, considera o informe.
No entanto, esse plano, que prevê o armazenamentode 20% das exportações dos países firmantes, está sendo freado pelas rivalidades nos países do sudeste asiático e latino-americanos, assim como pela falta de dinheiro, estimou Oxfam.
Oxfam quer que a conferência mundial sobre o café proponha a destruição de 15 milhões de sacas de café de baixa qualidade, para reduzir as exportações e os estoques.
A Associação acredita que o custo dessa destruição e as compensações para os aproximadamente 25 milhões de agricultores que dependem do cultivo se elevará a 250 milhões de dólares.
Oxfam pede igualmente à Nestlé e a outras grande marcas mundiais práticas sociais responsáveis como os contratos a longo prazo com os produtores e preços justos, em vez de buscar lucros que caiam do céu ao explorarem os preços baixos do café e a subavaliação.