CPMF em atraso será cobrada dia 27
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sexta-feira, 20 de outubro de 2000
Vânia Casado De Curitiba
No próximo dia 27, os bancos vão cobrar de uma só vez os débitos da CPMF (Contribuição Provisória de Movimentações Financeiras) acumulados nos últimos três anos. A cobrança vai incidir sobre os correntistas que ingressaram na Justiça e ganharam liminar para não recolher o imposto. A Receita Federal ainda não tem a avaliação de quantos contribuintes entraram na Justiça, mas revela que nos estados do Paraná e Santa Catarina foram poucos os que contestaram o imposto judicialmente.
Os questionamentos de maior expressão ocorreram nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde várias categorias de trabalhadores e profissionais liberais entraram com ações coletivas, o que elevou o número de contribuintes.
O advogado tributarista e presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, Gilberto Luiz Amaral, afirma que essa cobrança é irregular e abre brechas para ser questionada na Justiça, novamente. Ele destaca que a cobrança da multa no valor de 20% é irregular. Isso porque o tributo foi suspenso por ordem judicial, portanto não cabe a multa, se a Justiça decidiu que o imposto deve ser cobrado novamente. Além da multa, a CPMF será corrigida com a variação da taxa Selic.
Outra irregularidade apontada por Amaral é o recolhimento compulsório do tributo nas contas correntes. Segundo o tributarista, a cobrança de valores passados é atributo exclusivo da Receita Federal e não cabe aos bancos esse papel. Mesmo porque, os correntistas não deram autorização para que o imposto fosse descontado em conta corrente e de uma só vez, argumentou.
Amaral criticou ainda o fato de os correntistas estarem sendo avisados da cobrança da CPMF, via extrato bancário. Só que essa comunicação não esclarece quem deve pagar ou não o débito, criando uma desinformação entre os clientes dos bancos. Segundo Amaral, deverão pagar o imposto somente aqueles que recorreram à Justiça para não pagar o imposto. As ações se concentraram no período após 17 de junho de 1999, quando reiniciou a cobrança da alíquota de 0,38% sobre as movimentações financeiras, informou a Receita Federal.
Os meandros do sistema tributário brasileiro serão abordados durante o 2º Congresso Brasileiro de Planejamento Tributário, que será realizado em Curitiba entre os dias 26 e 27, quinta e sexta-feira. Mais de 250 tributaristas de todo o País estarão reunidos, discutindo o planejamento tributário na nova economia, levando em conta a ordem econômica com o advento da Internet, biotecnologia e globalização.
Apesar de toda evolução econômica, o conjunto de leis brasileiras na área tributária continua complexo e difícil para a maioria dos administradores e empresários, afirmou Amaral. Ele estima que a falta de um planejamento tributário nas empresa aumenta em pelo menos um terço a carga de impostos a pagar. Quando o empresário percebe, seu produto já perdeu competitividade, esclarece.