Enquanto o início da pandemia da Covid-19 foi marcado pelo aumento da demanda por máscaras, álcool em gel, equipamentos de proteção destinados aos profissionais de saúde e uma corrida comercial por respiradores, a reta final de 2020 vem registrando o mesmo fenômeno, porém no mercado de seringas e freezers laboratoriais. Isso porque algumas vacinas demandam de armazenamento a temperaturas extremamente baixas, como os imunizantes da Pfizer e da BioNTech.

Imagem ilustrativa da imagem Corrida por refrigeradores laboratoriais pode chegar a Londrina
| Foto: Gustavo Carneiro

Em falta na rede pública de saúde, ultracongeladores com capacidade de atingirem -80° C são prozidos em Londrina pela Indrel Scientific há pelo menos 30 anos. Os desafios de logística são grandes para este tipo de imunizantes, mas a empresa se prepara para um eventual aumento na demanda. "É hora de organizar as ideias com os clientes que nos procuram”, comentou o diretor presidente da Indrel, João Fernando Rapcham, uma das líderes de mercado na América Latina no segmento.

Rapcham adiantou que “há uma forte movimentação por parte do Paraguai, Peru e Bolívia”, que já fizeram sondagens. No Brasil, o governo da Bahia saiu na frente, porém Rapcham não mencionou se as negociações já foram concretizadas com os baianos. Para ele, o momento ainda é de insegurança na realização de grandes investimentos, tanto do Poder Público, quanto do setor privado.

“Aumentou bastante a procura, mas ainda há muita insegurança. Hoje estamos sendo bombardeados por informações, tem muita especulação, então estamos muito mais informando os nossos clientes e organizando as ideias do que propriamente a venda. Existe, sim, no mercado de vacinas uma busca muito grande e até uma insegurança deste cliente, então temos acalmado”, avaliou.

Mas, com as negociações adiantadas e um prazo apertado da Pfizer para que o governo federal feche o negócio, os desafios logísticos encontrados no Brasil para o armazenamento do produto em baixas temperaturas também precisarão de soluções rápidas. Ao mesmo tempo, estados como São Paulo, que já vem anunciando o início da vacinação com a CoronaVac para janeiro, poderão acomodar estas doses em temperaturas mais amenas, entre 2° C e 8° C, a mesma faixa requerida pela maioria dos medicamentos aplicados no PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde. A mesma regra valeria para o Governo do Paraná em relação ao imunizante russo Sputnik V, que não demanda temperaturas negativas.

Dentre os mais de 50 produtos fabricados pela londrinense atualmente, quatro modelos com capacidades entre 360 e 700 litros podem atingir temperaturas entre - 50° C e - 86° C. Os preços não foram revelados à reportagem, porém, o diretor explicou que, por se tratar de um produto que demanda componentes mais específicos, possui um custo mais alto. Quanto ao período necessário para a entrega do ‘super refrigerador’, Rapctham explicou que uma série de testes a qual são submetidos os fazem ter uma construção um pouco mais lenta. “Não pode haver nenhum tipo de variação de temperatura”, lembrou.

A londrinense também já possui larga experiência em atender o setor público, de modo que seus produtos podem ser encontrados em institutos de pesquisa, como o Butantã, hospitais, como o Hospital Israelita Albert Einstein, e laboratórios, como o Grupo Fleury. Entretanto, outro segmento da marca também abastece o setor agropecuário, caso da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). “E vamos ter o mesmo atendimento que temos atualmente. Existem sim alguns estados que já estão contato com a conosco, mas também estão nessa fase de aguardar o processo, vai ser mais ou menos o mesmo. O ponto que acontece é que não há muito como se preparar, não temos a informação antecipadas sobre quando essas vacinas vão chegar”, avaliou.