O economista e professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná ), Marcos Rambalducci, afirma que a correção de 10,2% sobre o salário mínimo federal restitui em parte as perdas no poder de compra do trabalhador. “Em parte porque os salários mais baixos dedicam uma maior fração para a compra de alimentos básicos cujo aumento foi de 17% ao longo de 2021 na comparação com 2020. Também é preciso lembrar que este poder de compra, recomposto por esta correção, vai sendo perdido à medida que a inflação avança e que deve ficar próximo a 6% ao final de 2022.”

Imagem ilustrativa da imagem Confira os novos valores do salário mínimo federal e do Paraná para 2022
| Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Embora os rendimentos do trabalho informal sejam menores, na média, que os rendimentos do trabalho com carteira assinada, ele observou que a tendência verificada ao longo dos anos é que ele também acompanhe este percentual de recomposição. “Para atender as necessidades do trabalhador, conforme consta na Constituição, o salário mínimo do trabalhador deveria superar R$ 5,2 mil.” Ele argumenta que a realidade econômica do Brasil está distante de ter capacidade de produção para atender dignamente toda a necessidade de uma pessoa. “Precisamos ter produção capaz de atender a esta demanda, caso contrário a única coisa que teremos é a inflação. Além disso, imagine o nível de desemprego provocado com um piso desta magnitude. Quem poderia contratar, por exemplo, uma auxiliar doméstica? Sem contar na impossibilidade das contas públicas arcarem com tal despesa”, apontou.

“Não vislumbro uma possibilidade neste momento de termos uma elevação nos salários que realmente aumentasse o poder de compra do assalariado sem causar um desarranjo em todo setor produtivo. Aumentos reais precisam necessariamente ser acompanhados de aumento da produção e é irreal achar que o aumento dos salários provoca aumento da produção. Em tais circunstâncias a única coisa que provoca é a inflação. É importante sempre lembrar que não comemos dinheiro, comemos arroz e feijão. Um aumento nos salários deve estar atrelado ao aumento de arroz e feijão”, pontuou.

PARANÁ

O governador Ratinho Junior sancionou no dia 20 de dezembro a lei ( 20.877/2021 ) que reajusta o piso salarial de acordo com a aplicação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2021.

O valor exato será divulgado no início do ano pelo Governo do Estado, mas o cálculo preliminar é que o mínimo regional deverá subir dos atuais R$ 1,4 mil para cerca de R$ 1,6 mil na primeira faixa do piso, chegando até R$ 1.870 na quarta faixa.

A nova base salarial foi definida em consenso pelo Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Renda, que é formado por representantes do Executivo, de seis federações do setor patronal e das seis principais centrais sindicais (representando os trabalhadores), e acompanha o cenário de retomada econômica no Paraná. O acordo contou com a coordenação do Departamento do Trabalho e Estímulo à Geração de Renda, vinculado à Secretaria de Justiça, Família e Trabalho.

A medida vale exclusivamente para os empregados que não tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho. A aplicação não é aplicável também à remuneração de servidores públicos estaduais e municipais.

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