O SNCC (Sistema Nacional de Crédito Cooperativo) tem registrado crescimento expressivo nos últimos anos. Só em 2018, os ativos totais aumentaram em mais de 18% enquanto o total do SFN (Sistema Financeiro Nacional), sem o crédito cooperativo, cresceu 7%, segundo relatório do Banco Central. Esse modelo de negócios está presente em 47% dos municípios brasileiros. Em todo o País, são 925 cooperativas com 9,9 milhões de associados e cerca de R$ 250 bilhões em ativos totais e a meta do BC para o setor nos próximos dois anos é de uma expansão de 40% no número de cooperados. A organização pautada no trabalho colaborativo, com divisão dos lucros e gestão democrática, tem atraído cada vez mais associados, mas também se mostra eficaz no fomento da economia das cidades onde atua.

Imagem ilustrativa da imagem Cooperativas de crédito ampliam ativos e miram expansão de 40% dos cooperados

Uma pesquisa divulgada no início deste mês concluiu que o cooperativismo aumenta em 5,6% o PIB (Produto Interno Bruto) per capita dos municípios onde opera e gera 6,2% mais vagas de trabalho formal. O estudo “Benefícios Econômicos do Cooperativismo de Crédito na Economia Brasileira”, realizado pelo Sicredi em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), revelou ainda que o número de estabelecimentos comerciais aumenta em 15,7% nos municípios atendidos pelas cooperativas, estimulando o empreendedorismo local.

No Paraná, são 56 cooperativas de crédito em atividade, com 2,05 milhões de associados, segundo dados do Sistema Ocepar. “A maioria das cooperativas de crédito teve origem no meio rural, no Paraná, em especial. A origem vem com muito peso no agronegócio”, ressaltou o gerente de Desenvolvimento Técnico da entidade, Flávio Turra. Mais recentemente, destacou ele, as cooperativas foram transformadas em livre adesão, o que gerou um aumento significativo dos associados na zona urbana.

Hoje, a participação das cooperativas no mercado financeiro nacional corresponde a quase 5%, mas considerando apenas o crédito rural, a participação é maior. No Plano Safra 2019/2020, as cooperativas ficaram com 18% de todo o crédito aplicado no agronegócio. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal detiveram 52% e o restante foi distribuído entre os demais bancos.

A participação nos resultados e a transparência na gestão são atrativos para novos associados, mas Turra aponta a inclusão financeira como um dos pontos mais importantes para a expansão das cooperativas de crédito no País. “No Brasil, são 600 municípios cuja única agência é a cooperativa, que presta um serviço fundamental para a população”, comentou ele, sem deixar de citar as taxas de juros, com média abaixo das outras instituições financeiras, que colaboram para atrair novos associados.

SICREDI

O Sicredi União PR/SP teve uma expansão de mais de 20% nos últimos 15 anos, acima da média de crescimento do cooperativismo no Brasil, que é de 15%. São 238 mil associados. Há quatro anos, eram cem mil. Dos R$ 54 milhões em resultados obtidos no ano passado, R$ 16,8 milhões serão devolvidos aos associados como participação nos lucros.

A cooperativa está presente em 109 municípios do Paraná e de São Paulo. Em 11 deles, o Sicredi é a única instituição financeira. “Temos muita importância para o desenvolvimento desses municípios. Se não estivéssemos lá, o recurso econômico dessas cidades estaria sendo drenado para outros lugares”, disse o diretor-executivo do Sicredi União PR/SP, Rogério Machado. “A gente precisa engajar as pessoas no modelo cooperativo e mostrar os benefícios. É uma causa. A gente está tentando mostrar que é possível transformar a sociedade de uma forma cooperativa.”

SICOOB

A três meses de completar 17 anos de atividade, o Sicoob Ouro Verde, com sede em Londrina, devolveu aos associados R$ 100 milhões como participação nos resultados. A cooperativa tem 38 agências, 39 mil cooperados e R$ 1,012 bilhão em ativos e aposta nas taxas de juros mais atrativas e tarifas menores para ampliar sua participação no mercado, que hoje é próxima de 6% a 7% na região em que atuam. Até 2025, será possível dobrar esse percentual, afirma o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Ouro Verde, Rafael de Giovani Netto.

As micro e pequenas empresas têm se revelado um nicho promissor para as cooperativas de crédito, mas Giovani Netto também mira em cerca de dez a 12 municípios da região onde o Sicoob Ouro Verde ainda não tem pontos de atendimento. Desde o segundo semestre do ano passado, a cooperativa também inaugurou unidades no interior de São Paulo e na capital paulista. São seis pontos de atendimento no estado vizinho e outros quatro devem ser inaugurados ainda neste ano. Um deles, o segundo da capital, dentro de 60 dias. “Não temos interesse em competir com outras cooperativas. Nosso interesse é competir com os bancos”, disse Giovani Netto.

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