As cooperativas do Estado vão passar dos R$ 110 bilhões de faturamento em 2020, o maior resultado da história, segundo a Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná). Até então, o recorde tinha sido em 2019, com R$ 87,6 bilhões de faturamento. O valor faturado pelas cooperativas esse ano vão render R$ 5,8 bilhões em sobras, que são reinvestidos pelas cooperativas e distribuídos aos cooperados.

A agropecuária é que contribuiu para os valores recordes do cooperativismo. As cooperativas do ramo respondem por 85% do faturamento. Das 217 cooperativas do Estado, 59 são do setor. Para Robson Mafioletti, superintendente da Ocepar, em termos econômicos, 2020 é um ano que dificilmente se repetirá para as cooperativas. "Foi um ano que na prática não dá para comemorar, com 190 mil brasileiros perdendo a vida. Mas para o setor do agro, de cooperativas, foi um ano atípico de resultados muito positivos para a economia."

Conforme ele, quatro fatores contribuíram para o resultado: a safra cheia, a desvalorização do real em relação ao dólar, a forte demanda internacional e o Auxílio Emergencial, que aumentou a demanda por alimentos básicos. "Este ano foi totalmente atípico, muito desafiador. Tivemos que nos reinventar, adaptar toda a maneira de trabalhar, atender os cooperador, manter ativas todas as operações e principalmente manter a saúde dos nossos colaboradores, cooperados e todas as pessoas que movem a Integrada", afirmou Jorge Hashimoto, diretor presidente da cooperativa Integrada.

Por outro lado, 2020 foi um ano de conquistas para a cooperativa, que recebeu o recorde de 22 milhões de sacas de soja. Nos quatro primeiros meses do ano, a Integrada já havia comercializado 85% de toda a soja recebida pela safra 19/20, percentual que nos últimos três anos ficava em 55%. Ao longo do ano, os preços também chegaram a dobrar, atingindo quase R$ 150 a saca. O produtor recebeu R$ 0,50 por saca de soja na antecipação, totalizando R$ 9,5 milhões. O complemento do pagamento da soja e o rateio das sobras dos demais produtos, como milho, trigo e café, será calculado na Assembleia Geral programada para março.

"Com o advindo do corona, mudou totalmente o mercado. O câmbio disparou e também a demanda pelo alimento, e com isso os preços das commodities subiram bastante. Tivemos um ano atípico de comercialização da soja. Os produtores cooperados venderam a soja de forma bastante acelerada - no primeiro semestre, eles já tinham comercializado mais de 90% da soja", relata Hashimoto.

Este ano, a Integrada deve fechar com R$ 4,4 bilhões de faturamento, o maior já atingido nos seus 25 anos de história, completos em 2020. Agora, a cooperativa inicia o planejamento estratégico, e espera fechar 2025 com faturamento dobrado mediante projetos de melhoria de processos e novos negócios.

Imagem ilustrativa da imagem Cooperativas agropecuárias atingem recordes de faturamento em 2020
| Foto: Divulgação/Cocamar

VOLUMES ELEVADOS

A Cocamar anunciou que vai distribuir R$ 103,7 milhões aos cerca de 15 mil produtores cooperados, considerado o maior valor da história da cooperativa. Do total, R$ 76,145 milhões são de sobras do exercício 2020, R$ 14,840 referem-se a pagamentos da participação de produtores em programas da cooperativa e R$ 12,700 milhões vão ser creditados na conta capital dos cooperados.

Por causa de fatores como o recebimento de volumes recordes de soja, milho e trigo, e a forte alta do dólar sobre o real, o faturamento do grupo Cocamar deve fechar em quase R$ 7 bilhões em 2020, acima dos R$ 6 bilhões previstos no planejamento estratégico 2015-2020 e 48% a mais em comparação aos R$ 4,6 bilhões obtidos em 2019. Para armazenar o volume recorde de grãos, a cooperativa precisou locar estruturas nas regiões de Maringá e Londrina.

Até abril, 90% da safra de soja estava comercializada e os cooperados receberam seus pagamentos à vista. Em um único dia, quando a cooperativa ofertou R$ 90 pela saca do grão, cerca de 150 mil toneladas foram vendidas. “Poucos, no entanto, puderam aproveitar as cotações acima de R$ 140,00 observadas nos últimos meses, porque já não tinham o que vender”, disse o vice-presidente da cooperativa, José Cícero Aderaldo.

"Dois mil e vinte tirou a todos da zona de conforto e nos fez ver a vida de uma forma diferente, citando que um desafio para a Cocamar, por conta de um expressivo ganho de participação de mercado em todas as regiões, foi receber mais de 50 milhões de sacas na soma de soja, milho, trigo e café, o maior volume de todos os tempos", comentou o presidente executivo da Cocamar, Divanir Higino.

SOBRAS RECORDES

As sobras e complementações da Copacol também foram recordes e chegaram a R$ 118 milhões este ano, valor 29% superior ao do exercício anterior. O faturamento estimado para este ano é de R$ 5,2 bilhões. Em 2019, o total movimentado foi de R$ 4,4 bilhões.

“O agronegócio superou todas as adversidades deste ano, mostrando sua força, sem parar um dia sequer. Nossos cooperados estiveram atuantes em suas propriedades, enquanto nossa cooperativa buscava novos mercados para agregar oportunidades aos nossos produtos", afirma Valter Pitol, diretor-presidente da Copacol. "O resultado é fruto deste trabalho conjunto em favor dos nossos associados e que gera o desenvolvimento da região, já que as sobras resultam em investimentos e aquisições no comércio e na indústria”, ele conclui.