Consumidores sentem efeitos das geadas nos preços dos alimentos
Onda de frio faz preço de frutas e verduras disparar nos mercados. Na Ceasa, movimento está mais da metade abaixo do normal por falta de produtos
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 10 de agosto de 2021
Onda de frio faz preço de frutas e verduras disparar nos mercados. Na Ceasa, movimento está mais da metade abaixo do normal por falta de produtos
Simoni Saris - Grupo Folha
Os efeitos das geadas registradas no mês passado já podem ser percebidos nas gôndolas dos supermercados. Depois de três ondas de frio intenso, que reduziram as temperaturas ao nível mais baixo dos últimos 20 anos, os preços dos hortifrutis dispararam. A queda na produção fez cair a oferta de legumes, provocando a alta que, em alguns casos, chega a quase 400%. Para contornar o aumento repentino, os consumidores fazem pesquisa, diminuem a quantidade e planejam substituições no cardápio.
Na Ceasa em Londrina, os preços entraram em elevação ainda em meados de junho, quando as temperaturas começaram a baixar. No inverno, é esperada queda no volume de produção, mas com as três geadas registradas entre o final de junho e final de julho, alguns produtos desapareceram. A berinjela foi o item que teve a alta mais expressiva. A caixa com 12 quilos, que antes do frio custava até R$ 15, agora subiu para R$ 70, um acréscimo de 366%.
A batata doce roxa subiu 260%, saltando de R$ 25 para R$ 90 em menos de um mês e a pimenta cambuci subiu 185%, passando de R$ 35 para R$ 100 a caixa em razão da pouca oferta. O produto está em falta nas feiras e supermercados.
Outros legumes que tiveram aumento repentino de preços foram o pepino caipira e o pepino japonês, abóbora menina e tomate, cujo aumento ficou entre 112% e 137%. O mesmo aconteceu com o pimentão, que subiu 90%, chuchu (+71%), e couve manteiga (+66%). “As folhagens ainda não subiram muito porque tem muito aqui na região e o consumo cai no inverno”, disse o auxiliar administrativo e responsável pela cotação de preços na Ceasa, Luiz Alberto Sovierzoski.
Diariamente, o auxiliar administrativo circula pela Ceasa e consulta os preços de todos os produtores que comercializam seus produtos na central de abastecimento. Até recentemente, ele levava cerca de uma hora para fazer esse trabalho que agora consegue finalizar em 40 minutos. “Até os produtores sumiram porque não têm produto para vender”, comentou. Jiló, abobrinha, pepino, vagem e quiabo são alguns dos itens que desapareceram nos últimos dias. “O que tem é caríssimo. Muitos produtores perderam tudo com as geadas.”
Ao consumidor que é surpreendido com a alta repentina dos produtos nas feiras e supermercados, resta o trabalho de pesquisar, reduzir o consumo ou fazer substituições. A auxiliar de enfermagem aposentada Almides Ribeiro Sanches já notou a alta no preço do tomate, cujo quilo custava cerca de R$ 4 e agora está mais de R$ 5 e da abobrinha. “Tem coisas que são essenciais e a gente não pode deixar de consumir, então eu procuro comprar menos, mas não deixo de levar”, contou.
“Percebi que subiu o preço da banana, nos outros itens ainda não notei aumento, mas tudo está subindo e os legumes devem subir também. Quando está caro eu não compro. É assim que eu faço”, disse o comerciante Antônio Milton de Carvalho Batista. “Uma coisa que ainda não subiu, mas vai subir logo por causa do frio é o leite. E pode esperar que ainda vão botar a culpa na vaca.”
Sovierzoski está há 35 anos na Ceasa e conta que já viu outros invernos igualmente rigorosos causarem a alta repentina dos preços, mas confessa que neste ano os aumentos estão “absurdos”. “Teve seca, depois teve frio. Acho que subiu mais do que em outros invernos”, comparou.
Com base em sua experiência na área ele arrisca dizer que por enquanto os reajustes e a escassez de produtos atingiram apenas as hortas, mas nos próximos meses os consumidores devem sentir também os efeitos das geadas nos pomares. “Esse frio acabou com os pés de frutas. Atemoia e lichia, por exemplo, eu vi que foram afetadas pelo frio.”
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