O fluxo de trabalho e de contrações é um bom termômetro para verificar como a construção civil tem caminhado até aqui. Pelos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), entre janeiro e maio foram 29.444 contratações contra 26.569 demissões, um saldo líquido de 2.875 empregos gerados no Paraná. Já os números do País continuam no vermelho, foram 409.237 contratações e 433.303 demissões, saldo negativo de 24.066.

O coordenador da pós-graduação de Desenvolvimento Econômico da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Alexandre Porsse, relata que a construção civil paranaense inicia uma trajetória de recuperação mais cedo que a nacional. "Se fizermos uma segmentação do setor, no caso dos empreendimentos residenciais, o que dá pra perceber é uma expansão, principalmente das construções dentro da renda média/alta e alta, em que aparentemente a crise não ocorreu tão forte quanto nas rendas mais baixas".

O economista não acredita entretanto que o "boom" do passado retornará em curto prazo, enquanto o cenário econômico não estabilizar e ocorrer uma retomada sólida de crescimento. "Vale dizer que a troca da equipe econômica recuperou a credibilidade do mercado, o que surpreendeu inclusive os analistas. Isso sem dúvida mantém um espaço para a redução de juros mais rapidamente nos próximos meses. Há uma expectativa melhor para o próximo ano".

Em relação ao PIB, Porsse é mais frio no que diz respeito a fechar o ano no azul. As expectativas para o número geral é de alta bem irrisória. "Isso não pode animar tanto, porque foram três anos consecutivos de período recessivo, quando o normal é que tivéssemos, no ano seguinte da queda, uma recuperação significativa. Isso não tem acontecido em nossa economia, e mesmo se o crescimento for de 2% a 3% ainda não recuperaria o que perdeu nos últimos anos. Estabilizar é bom, mas ainda falta muita coisa para recuperar os patamares anteriores". (V.L.)