Desde a publicação do Decreto Nº 6983 DE 26/02/201 e que determinou medidas restritivas de caráter obrigatório, visando o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia da COVID-19, o governo do Estado decretou lockdown, o comércio de rua foi fechado e quando a volta do funcionamento foi autorizada, os sábados seguiram restritos. Assim, desde 27 de fevereiro (o primeiro sábado fechado), foram sete datas sem atividades.

De acordo com o presidente da FACIAP - Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná, Fernando Moraes, as vendas e atendimentos para pagamentos aos sábados representam mais de 30% das vendas. "A reabertura aos sábados é uma possibilidade de as pessoas que trabalham a semana inteira e não têm a oportunidade de ir ao centro de segunda a sexta, de fazer resolver suas pendências e fazer as compras necessárias e fazer pagamentos", explica. "Com o fechamento aos sábados, as lojas perderam para vendas online, shoppings e até mesmo para outras cidades que reabriram o comércio aos sábados antes", argumenta.

Moraes, que também é comerciante, considera que o escalonamento de horários durante a semana foi bem planejado. "A escala foi muito bem feita. As entidades como a ACIL- Associação Comercial de Londrina, associada à FACIAP lutaram muito para isso e devem respeitar o horário que hoje é das 10 às 19 horas, pois essa é também uma forma de desafogar o fluxo no transporte coletivo". Sobre todos os comerciantes e comerciários saírem na mesma hora, às 19 horas, Moraes explica que pode até haver um acúmulo nos terminais. "Entretanto, Londrina está dividida em 52% de prestação de serviços, 25% representa o comércio e os demais de se dividem entre indústria e construção civil. Então, os comerciantes precisam ser firmes, respeitar o horário e manter a loja aberta até as 19 horas. O que não pode é achar que o movimento está fraco e baixar a porta, pois os consumidores contam com essa possibilidade de serem atendidos nesse novo horário", esclarece.

Comerciantes e clientes comemoram volta do comércio aos sábados

De acordo com o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde na sexta-feira, 16, o município de Londrina contabiliza 1.134 vidas perdidas em decorrência da infecção causada pelo Coronavírus. Atualmente há 659 casos ativos e ao todo 48.995 pessoas foram contaminadas desde o início da pandemia. Ao todo, 433 pessoas se recuperam em casa. Outros 226 pacientes de Londrina estão internados em hospitais públicos e privados, sendo 108 em UTI e 118 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos de UTI Covid SUS em Londrina está em 98%, ou seja, 104 das 106 vagas disponíveis estão ocupadas. Já a taxa de ocupação de enfermarias está em 82%.

Para a atendente Rita Pereira Francisconi, 66 anos, a abertura é uma necessidade. "Dependemos de venda não de vento", declara. O governo deve ter acordado agora porque viu que ninguém tem dinheiro para pagar impostos", acrescenta. Francisconi relata ainda que produtos básicos como óleo, carne, arroz e feijão estão muito caros e embora o comércio em que atua, na rua Sergipe, é de primeira necessidade, ela se solidariza com as demais áreas que ficaram fechadas por tanto tempo. "Quem aluga um ponto tem contas todos os dias, as duplicatas vencem de fornecedores vencem a cada 26 dias, empregamos 11 pessoas e temos que honrar os compromissos". Com 45 anos de experiência no comércio, considera este o pior momento vivido.

 Rita Pereira Francisconi: "Dependemos de venda não de vento"
Rita Pereira Francisconi: "Dependemos de venda não de vento" | Foto: Walkiria Vieira

O comerciante de roupas íntimas e acessórios da rua Sergipe, Renato Gonçalves, 38 anos, decidiu que neste primeiro sábado ficaria até as 13 horas. "Reabir hoje, após sete sábados sem vendas, representa para nós um fôlego. Com clientes que chegam de Assaí, Primeiro de Maio, Sertanópolis e Bela Vista do Paraíso, reconhece que seu público chega cedo, faz as compras e depois quer passear no shopping. Gonçalves estima que no período fechado perdeu R$ 20 mil reais. "Esse é um dinheiro que nunca mais vamos ver", lamenta.

Clientes de outras cidades como Centenário do Sul prestigiaram a reabertura
Clientes de outras cidades como Centenário do Sul prestigiaram a reabertura | Foto: Walkiria Vieira

O também comerciante Hamude Chahine, 48, vende roupas de cama, mesa e banho e enxovais na avenida Rio de Janeiro e decidiu e optou por baixar as portas às 14 horas. "Sábado é o dia que paga o aluguel, os funcionários e muitas despesas e por isso sempre vale a pena abrir". Com 22 anos de experiência, Chahine entende que por ser o terceiro sábado do mês, o movimento já é diferente dos dois primeiros do mês. "Aluguel é mensal e toda vez que vejo no calendário os feriados, já fico pensando nos compromissos". Até às 12 horas, Chahine considera que o movimento foi bom. "Meu consumidor é trabalhador, então nesse período após o dia 15 já está com menos condições de fazer compras", observa.

Outras lojas encerram atividades às 13 horas.
Outras lojas encerram atividades às 13 horas. | Foto: Walkiria Vieira

Gerente de uma loja de eletro-eletrônicos localizada no Calçadão de Londrina, Alexandre Gomes, 36, afirma que a unidade ficará aberta até as 18 horas, conforme permissão do decreto. "Ainda que após a metade do mês, essa reabertura é importante, pois muitos consumidores só podem realmente vir ao centro aos sábados". Gomes considera que com mais divulgação dos novos horários e sobre o funcionamento aos sábados, a população poderá se organizar para tornar o fluxo mais seguro. "Hoje houve procura por celulares, móveis e temos que enxergar essa volta como uma oportunidade muito positiva e permanecer até as 18 horas é um compromisso com o consumidor, pois se ele chega e encontra as portas fechadas, perdemos a credibilidade", reflete.

No primeiro dia de retorno do comércio de rua, a consumidora Lucimara das Silva, 26 anos, fez questão de prestigiar algumas lojas. Silva trabalha como auxiliar de produção em uma abatedouro de frangos e conta que estava ansiosa por esse momento. "Eu só tenho o sábado e gosto do comércio daqui porque tem bons preços e mais opções. A auxiliar de serviços gerais Simone dos Santos, 30 anos, também tem o descanso aos sábados e é nesse dia que aproveita para pagar contas, fazer compras e resolver questões pessoais. Durante a semana é inviável", afirma.