As vendas do Dia dos Namorados ainda não engrenaram em todos os segmentos do comércio e alguns varejistas que se prepararam para a data, comemorada nesta segunda-feira (12), se dizem frustrados com os resultados registrados até o final da última semana. A queda no poder de compra que diminuiu o volume de dinheiro em circulação, a insegurança em relação à economia e o clima quente são apontados pelos comerciantes como os principais motivos para o movimento fraco nas lojas de rua. A esperança é que os consumidores tenham deixado as compras para a última hora.

Há duas décadas trabalhando com varejo em Londrina, este é o primeiro ano de Edilaine Cordeiro da Silva no comércio de rua e, segundo ela, a experiência tem se revelado um desafio. “Sempre trabalhei em shopping e lá era bem mais movimentado. Neste ano o comércio surpreendeu de uma forma não positiva, caíram bastante as vendas em relação aos últimos anos. Mas acredito que o movimento tenha caído no geral e as vendas estejam fracas nos shoppings também”, disse a lojista.

Silva é proprietária da loja de roupas femininas Doce Morena, no Centro de Londrina, e conta que se preparou para a data comemorativa, reforçando os estoques. Mas o retorno do investimento está demorando a vir. “É uma junção de fatores. São questões econômicas e o frio, que não chega. Sem frio, o pessoal não compra roupa.”

As vendas para o Dia dos Namorados que a lojista realizou até agora foram de itens com valores em torno de R$ 100. “As pessoas estão buscando nessa faixa ou até abaixo dos R$ 100, mas confesso que não tenho muita opção para quem quer um presente de valor mais baixo porque trabalho com produtos diferenciados, que vêm de Minas Gerais e de Fortaleza (CE).”

A expectativa da lojista era de aumento do fluxo de clientes no sábado, com o funcionamento em horário estendido, até as 18 horas, e nesta segunda. “A esperança está sempre em alta”, comentou.

Proprietário da loja de presentes Doutromundo, Marcos Alexandre Romanha também se queixa do movimento abaixo do esperado. Com base no que observou no Dia das Mães, quando as vendas também não atingiram as expectativas, ele calculou um crescimento menor para o Dia dos Namorados, de cerca de 5% em relação ao ano anterior. “A gente está vendo desde março uma desaceleração. No Dia dos Namorados, em alguns anos, o pessoal se adianta um pouco, mas neste ano o movimento está mais fraco.”

A loja oferece kits que podem ser personalizados de acordo com o gosto pessoal de quem vai ser presenteado. Há opções de várias faixas de preço, mas Romanha comentou que a maioria dos clientes tem procurado por itens em torno de R$ 150. “O pessoal está segurando muito os gastos e os produtos tiveram alta considerável”, avaliou.

Para o mercado de flores, Dia dos Namorados bom é quando cai no meio da semana. No ano passado, quando o dia 12 de junho foi um domingo, as vendas ficaram abaixo do habitual, conforme relembrou a proprietária da Acácia Flor, Luciene Lombardi. Para este ano, a expectativa é comercializar o dobro em relação ao ano passado e ela está otimista. Só em rosas colombianas, a floricultura adquiriu três mil unidades. “No ano passado, o movimento caiu muito. Imagino que as pessoas trocaram as flores por um jantar no sábado. Mas quando cai em dia de semana, entregamos muitas flores no comércio e em empresas. Como este ano cai na segunda, estou bem confiante.”

Os buquês estão no topo da lista de preferências dos clientes da loja, mas Lombardi preparou opções para vários gostos e bolsos, a partir de R$ 23. Além das flores, os clientes podem adquirir outros itens, como balões, bichos de pelúcia, vinhos e chocolates para deixar o presente personalizado.

O que boa parte dos lojistas têm percebido, no dia a dia do comércio, não confirma os dados levantados pela pesquisa de intenção de compras para o Dia dos Namorados realizada pela Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná) com apoio da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), e divulgada na semana passada. Segundo o estudo feito pelo DataCenso, os londrinenses pretendem gastar, em média, R$ 242,58 com os presentes para os namorados, valor acima da média registrada no Estado, de R$ 211,21.

Segundo apontou a pesquisa, 17% dos londrinenses vão gastar menos do que em 2022 com as compras do Dia dos Namorados e 44% pretendem gastar o mesmo valor. Os 39% restantes afirmaram a intenção de aumentar o valor do presente neste ano.

Um dado da pesquisa da Faciap pode dar um ânimo aos comerciantes que ainda não viram as vendas acontecerem no volume aguardado. Quase 40% dos londrinenses disseram que deixariam as compras para a última hora com o intuito de aproveitar eventuais promoções. O levantamento indicou que as promoções e os descontos são o que mais atraem os consumidores londrinenses, sendo citados por 59% dos entrevistados.

Uma outra pesquisa divulgada pelo SPC/Acil na semana passada, no entanto, pode explicar o movimento fraco nas lojas às vésperas de uma data comemorativa. Os dados sobre a inadimplência no município indicaram alta de 15% no número de pessoas que deixaram de pagar suas dívidas em dia e entraram para o cadastro de negativados em maio. O aumento é medido pela comparação com o mesmo mês de 2022.

Ao mesmo tempo, baixou em 6% o número de consumidores que conseguiram renegociar suas dívidas para sair da lista do SPC. No acumulado do ano, este percentual está menor 2% do que em igual período do ano passado.

Casais buscam formas de comemorar sem pesar no bolso

“Desde que a gente começou a namorar, eu e meu marido cultivamos o hábito de trocar presentes no Dia dos Namorados. Mas combinamos de deixar os presentes mais caros para o aniversário e o Natal. Nas outras datas, são mais lembranças, uma flor, um jantar. As coisas estão muito caras e a gente tem que controlar os gastos e a fatura do cartão de crédito para não se endividar”, disse a cabeleireira Kawanny Moreira. Para presentear o marido, neste ano ela vai optar por um kit de cervejas especiais que deve ser degustada no mesmo dia, em casa, com alguns petiscos já comprados para tornar a noite do dia 12 de junho especial. “A gente tem que usar a criatividade para manter o romantismo.”

A vendedora Marcelle Azevedo Ferrari e o namorado, Matheus, combinaram de comemorar a data com um jantar romântico em um restaurante mais requintado. As foram feitas com antecedência e o casal se preparou financeiramente. “Calculamos um gasto de cerca de R$ 500 e combinamos de dividir a conta. Esse vai ser o nosso presente. Uma comemoração simples, mas que tem muito significado para os dois.”

A opção do casal Marcelle e Matheus para celebrar a data deve ser a escolha de 46% dos londrinenses ouvidos na pesquisa da Faciap, que relataram que irão comemorar com um almoço ou jantar fora de casa. Outros 28% deverão almoçar ou jantar em casa e 12% vão preparar um café da manhã especial. Os que escolheram viajar para celebrar a data são 10%, 4% não souberam dizer, 3% escolheram outras possibilidades e 1% vai passar a noite em um hotel ou motel.



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