A reta final para as compras de Natal atrai muitos consumidores para os principais centros comerciais da cidade. Quem não conseguiu se antecipar, precisa correr para garantir os presentes dos familiares e amigos. Na sexta-feira, o movimento foi considerado bom pela maioria dos lojistas. Neste sábado (24), véspera de Natal, o comércio de rua fica aberto das 9h às 17h, com previsão de lojas cheias. Pesquisa prévia da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) apontou aumento de 15,6% nas vendas, na comparação com o Natal passado.

O eletricista industrial Wlademir Gimenes Castro observou mais gente nas ruas, e todas essas pessoas estavam gastando.
O eletricista industrial Wlademir Gimenes Castro observou mais gente nas ruas, e todas essas pessoas estavam gastando. | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

O diretor comercial da Acil, Angelo Pamplona, que assume a presidência em 28 de fevereiro de 2023, afirma que só irá ter uma ideia do movimento após a pesquisa que será realizada depois do Natal. “A gente faz o comparativo entre o pré e o pós-Natal. Depois vamos checar se bateu, passou ou ficou inferior. Mas na minha percepção visual do dia a dia, a partir do dia 20, que foi terça-feira, melhorou bastante o movimento. Tem um fluxo maior nas ruas e a gente percebe haver muitas famílias fazendo compras. E quando eu digo família , é pai e mãe que vieram com filhos. Muitas empresas entraram em férias coletivas e as escolas também estão em férias e as famílias acabam vindo fazer as suas compras", comentou.

A reportagem circulou por diversas lojas no Centro da cidade nesta sexta-feira (23) e viu contrastes no movimento das lojas. Enquanto algumas apresentavam muito fluxo de pessoas, com clientes saindo dos estabelecimentos com sacolas carregadas, em outras lojas o que se pôde observar foi uma atividade fraca, não condizente com a época mais aquecida do ano em relação às vendas. Mesmo em shopping centers foi possível ver que há diferenças de agitação, até em lojas que estão em um mesmo corredor. As ruas estavam repletas de pessoas, muitas delas pesquisando preços e outras se limitando a comprar uma “lembrancinha” para a data não passar despercebida, um prenúncio do movimento de sábado.

O gerente de uma loja de confecções do Calçadão, Antônio Verza Filho, calcula que as vendas serão 15% superiores em relação ao período homólogo de 2021. “Vai ser ótimo, porque em anos anteriores tivemos muitas dificuldades devido à pandemia e, este ano, devido a essa parte política que o país está atravessando e devido ao campeonato mundial de futebol. Houve uma reação boa nas vendas nessa semana, em torno de 50% em relação à semana passada. A injeção do 13º salário deu uma alavancada muito grande depois do dia 20. Antes disso as vendas estavam bem mornas”, contou.

Próximo dali o ânimo era bem diferente. A comerciante Aparecida Gomes Zebian trabalha há mais de 20 anos em um estabelecimento comercial no Calçadão, próximo ao Cine Teatro Ouro Verde, mas as vendas estavam muito abaixo do que havia projetado para a temporada. “Eu nunca vi um Natal tão fraco como está sendo agora. Eu senti uma queda nas vendas em torno de 30% em relação a três ou quatro anos atrás. Os preços aumentaram muito, mas o salário não aumentou na mesma proporção e o pessoal está com pouco dinheiro para comprar. Falta um salário melhor para os trabalhadores em geral, e isso não só do comércio. Se os trabalhadores ganharem mais, eles têm mais possibilidade de fazer compras maiores.” "Eu agradeço as vendas que fiz, mas as vendas foram muito abaixo do que a gente esperava", lamentou.

CONSUMIDORES

O eletricista industrial Wlademir Gimenes Castro, 49, foi ao Centro para fazer as compras de presentes de Natal para sua família e era um entre os milhares de consumidores que circularam pela rua Sergipe. “Os preços estão razoáveis. Deu para comprar presente para toda a família. Em relação aos dois últimos anos, eu vi mais gente nas ruas, e todas essas pessoas estavam gastando. Eu vejo isso como reflexo do fim das restrições impostas pela pandemia. Passamos dois anos terríveis e, graças a Deus, deu uma melhorada boa”, comemorou.

A diarista Edileuza Coutinho dos Santos afirmou que os preços estão bem puxados.
A diarista Edileuza Coutinho dos Santos afirmou que os preços estão bem puxados. | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

A reportagem encontrou a diarista Edileuza Coutinho dos Santos no Calçadão, próximo da rua Professor João Cândido. “Olha, os preços estão bem puxados, mas acredito que existem produtos para todos os bolsos. Não está dando para dar um presente para todo mundo. Eu comprei um presente só para o meu netinho”, declarou. Mesmo assim, ela relatou que o Natal deste ano está diferente em relação aos outros anos. “Eu acho que a cidade está mais bonita com os enfeites de Natal. Mesmo na zona norte, onde eu moro, a cidade está enfeitada. A avenida Saul Elkind, por exemplo, está muito bonita”, observou.

DECORAÇÃO

Sobre a decoração de Natal, Pamplona avalia que Londrina está se tornando uma cidade turística no Natal. “Esses investimentos que a prefeitura tem feito, tanto no centro quanto nas principais ruas de comércio nos bairros e isso surte um grande efeito. As pessoas acabam vindo apreciar a iluminação e acabam consumindo também. A iluminação do Lago Igapó e todo aquele aparato decorativo que há por lá atraem pessoas não só da região, mas também do sul de São Paulo. Esse turismo natalino chama a atenção e está sendo muito importante para Londrina, porque traz resultados positivos”, opinou.

QUEIXAS
Neste ano, a decoração natalina, no entanto, não é unanimidade. A reportagem ouviu queixas dos comerciantes em relação à prefeitura, que prioriza os enfeites de Natal mais chamativos para o Lago Igapó, enquanto o espaço comercial do Centro e da avenida Saul Elkind, por exemplo, embora tenham atrativos bonitos, não são tão empolgantes a ponto de capitalizar mais a atenção dos clientes e atrair mais pessoa. Para os lojistas, falta um diferencial mais surpreendente e que convertesse em mais vendas e, consequentemente, movimentaria mais a cidade economicamente. Uma das pessoas que sentiu isso foi o presidente do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina), Ovhanes Gava.

“O município deixou a desejar na decoração do Calçadão, onde é o centro nervoso de vendas de Londrina e na zona norte, que é um outro centro de compras muito grande. Eu acho que o destaque maior ficou com o cartão postal da cidade, mas o quadrilátero central e a zona norte poderia ter uma decoração um pouquinho mais bacana", observou, ao frisar que o objetivo da queixa não é falar mal da prefeitura, mas que é uma crítica construtiva, para melhorias nos próximos anos.

Sobre as vendas de Natal, ele se mantém otimista. “Eu acredito em crescimento no volume comercializado, porque nos últimos três anos, mesmo com a pandemia, não tivemos retrocesso nas vendas. Em nenhum momento, nos últimos anos, tivemos números negativos ou próximos a zero”, projetou Gava.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1