A conurbação entre Cambé e Londrina mostra que as soluções urbanas não podem ser isoladas
A conurbação entre Cambé e Londrina mostra que as soluções urbanas não podem ser isoladas | Foto: Sérgio Ranalli/31-07-2015



O governo do Estado assina esta semana com o Bird (Banco Mundial) o contrato de elaboração do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável da Metrópole Paraná Norte. A assinatura será na quarta-feira, em Curitiba, e na quinta-feira (22), o governador Beto Richa estará em Londrina para o lançamento oficial da iniciativa, na Acil (Associação Comercial e Empresarial de Londrina).
O plano é uma das ações do Projeto Multissetorial para o Desenvolvimento do Paraná financiado pelo Banco Mundial. Durante 12 meses, uma consultoria desenvolverá o plano integrado de 15 municípios da região Norte, que interagem entre si. O estudo, no valor de R$ 3,5 milhões, abrange Apucarana, Arapongas, Cambé, Cambira, Ibiporã, Jandaia do Sul, Jataizinho, Londrina, Mandaguaçu, Mandaguari, Marialva, Maringá, Paiçandu, Rolândia e Sarandi.
"Essa é uma região importante. Concentra 15% da população e quase 14% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado. Urbanisticamente falando, é uma região com visão de metrópole", disse Juraci Barbosa Sobrinho, secretário estadual do Planejamento e Coordenação Geral.
A consultoria vencedora da licitação internacional para a elaboração do plano é formada por um consórcio de empresas brasileiras. Ao longo dos 12 meses, serão promovidas oficinas com representantes de organismos da sociedade como universidades, associações comerciais, federações, cooperativos de produção e financeiras e entidades organizadas para definir as prioridades para o desenvolvimento da região de forma integrada.
De acordo com o secretário, a base dos estudos será a sustentabilidade em todos os níveis: ambiental, de mobilidade, infraestrutura urbana, logística, arranjos produtivos. "Queremos potencializar as iniciativas isoladas e criar um arranjo regional. O plano também vai balizar novos contratos de financiamento de estudos já estabelecidos", comentou Sobrinho.
A elaboração do projeto terá cinco etapas, cada uma com três oficinas e uma audiência pública. A primeira fase será para definição do plano de trabalho; na etapa seguinte haverá a contextualização da região com definição das prioridades; na terceira, serão elaboradas as estratégias de ação. A quarta fase será de definição do plano de ação das prioridades e a quinta será uma grande audiência pública para discussão das conclusões do plano.
"Vejo isso como um olhar mais apurado da própria gestão pública. Não um olhar só do município, mas da região como um todo", afirmou o secretário. Esse modelo de integração está previsto no Estatuto das Metrópoles. O Litoral já iniciou a elaboração do seu plano.

OPORTUNIDADES
Um dos articuladores do projeto, o deputado federal Alex Canziani (PTB) afirmou que "o País, o Estado e a região carecem de planos de desenvolvimento de longo prazo" e que, com a integração da região de Londrina a Maringá, por meio das estruturas de educação e instituições da sociedade civil organizada, será possível buscar grandes projetos e adotá-los em toda a região. "É a oportunidade de viabilizar investimentos e novas oportunidades de desenvolvimento do Norte do Paraná", afirmou o deputado.
O coordenador do Programa Londrina Mais, da Patrulha das Águas, João Batista Moreira Souza, afirmou que, do ponto de vista de desenvolvimento e solução de problemas, a integração regional é extremamente necessária. "Por exemplo, municípios com legislação fraca de meio ambiente podem se compatibilizar com outras cidades da metrópole do ponto de vista", explicou o Souza.
O Londrina Mais trabalha de forma semelhante a proposta do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável da Metrópole Paraná Norte, mas utiliza a bacia hidrográfica do baixo Tibagi como delimitação geográfica.
Ele afirmou que não conhece detalhes do plano do governo, mas espera poder participar das discussões. "O que afeta uma cidade, afeta todas. Um exemplo disso é a recuperação do Igapó. Para fazer essa recuperação precisamos interagir com 11 bairros de Cambé. O rio Cafezal sofre influência das áreas urbanas de Rolândia e Cambé. Na zona Norte, Londrina joga resíduos no manancial do rio Jacutinga de Ibiporã. Isso muda a forma de gerenciar os problemas", comentou Souza.

REVISÃO GERAL
Os diretores do Banco Mundial estarão em Curitiba até quarta-feira (21) para revisão geral do Projeto Multissetorial para o Desenvolvimento do Paraná. O financiamento no valor de R$ 1,1 bilhão (US$ 350 milhões) está sendo investido em vários programas do governo do Paraná que envolvem os setores de Saúde, Educação, Meio Ambiente, Agricultura, Planejamento, Administração e Gestão Fiscal, entre outros.
Já foram executados 85% do projeto, o que significa mais de R$ 970 milhões (ou US$ 298 milhões). O compromisso do governo é que 110% da meta seja cumprida até novembro de 2019. "Estamos avançando muito mais do que tínhamos contratado, por isso vamos ultrapassar a marca do contrato", explicou Sobrinho.
A missão do Bird, além de avaliar os resultados e rediscutir as metas, pretende estabelecer prioridades futuras do Estado, com as quais o Banco Mundial pretende contribuir.