Com os preços lá em cima, produtos tradicionais da Páscoa vão ser substituídos, no lugar do bacalhau, por exemplo, consumidores estão preferindo peixes mais populares, como a cavalinha, a sardinha e o filé de merluza
Com os preços lá em cima, produtos tradicionais da Páscoa vão ser substituídos, no lugar do bacalhau, por exemplo, consumidores estão preferindo peixes mais populares, como a cavalinha, a sardinha e o filé de merluza | Foto: Gustavo Carneiro

Com o preço do bacalhau lá em cima, Ana Gomes resolveu substituir o peixe do almoço de Páscoa por outro produto menos tradicional nesta data. "Já comprei tilápia", diz a dona de casa, que mesmo recebendo somente os parentes mais próximos na celebração achou prudente economizar.

O prato também vai ser cortado do almoço de Páscoa da aposentada Terezinha Rodrigues. Os supermercados chegam a oferecer a opção de parcelamento para os consumidores poderem contar com o alimento na data. "Já vamos ter comido o bacalhau e ainda estaremos pagando", ri a aposentada.

O Gadus Morhua é o tipo de bacalhau mais caro e que em Londrina pode chegar a R$ 149,90 o quilo, segundo pesquisa realizada pelo Procon-Ld (Núcleo Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor de Londrina) de 2 a 4 de março em sete supermercados e peixarias da cidade. O preço médio está em R$ 129,37.

Dono da peixaria Londripeixe, Renan Matheus Calixto afirma que, do ano passado para cá, o preço do bacalhau subiu 20% a 30%. Assim como a iguaria, outros peixes importados sofreram elevação devido à alta do dólar.

"Tivemos uma elevação significativa da taxa de câmbio nos últimos 12 meses, o que fez com que os produtos ficassem mais caros", explica o economista e professor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), campus Londrina, Marcos Rambalducci. "Além disso, os alimentos comercializados nos mercados internacionais subiram por si. O chocolate também teve elevação porque muito vai para o mercado internacional. E o mercado internacional, pagando mais, significa que vai ter menos oferta no mercado nacional, então se elevam os preços", ele continua.

SUBSTITUIÇÃO

O jeito vai ser substituir o bacalhau pela sardinha, diz a aposentada Terezinha Rodrigues. O item é o que apresentou o menor preço médio na pesquisa do órgão de defesa do consumidor: R$ 10,11 o quilo (eviscerada e congelada).

Mas, de forma geral, a categoria de peixes teve em média uma elevação de 31% em fevereiro e março de 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado, afirmou Edney Fernandes, gerente comercial da Rede Viscardi. "Itens como a posta de tilápia teve elevação maior, chegando a 58%." O filé de merluza e o filé de tilápia também tiveram elevações significativas - 47% e 38%, respectivamente, segundo Fernandes.

OPÇÕES

O bacalhau, o salmão, o camarão e peixes inteiros para fazer na churrasqueira, como o pacu e a piapara, são os produtos mais procurados na Quaresma, afirma Renan Calixto, da Londripeixe. Mas para quem não quer gastar muito, ele lembra que existe uma grande variedade de pescados, inclusive de bacalhau.

"Diversos tipos de peixe, sofrendo a salga, se tornam bacalhau. Tem com valores mais em conta para quem não quer do mais caro", explica. Os preços dos tipos de bacalhau no estabelecimento variam de R$ 36 a R$ 148 o quilo.

Edney Fernandes, da rede Viscardi, aposta na sardinha congelada (R$ 9,98 o quilo) e na cavalinha inteira (R$ 9,35 o quilo) como substituições para tornar a cesta de Páscoa mais em conta. Mesmo com as altas, o gerente estima elevação de 15% nas vendas nesta data - cerca de 50% do volume estimado para a Quaresma já foi vendido.

Otimista com as vendas já que as pessoas estão em casa e consumindo mais alimentos, Calixto espera 20% a 30% de aumento nas vendas desta Páscoa.

Recomendações são substituir, reduzir e pesquisar

Para fugir das altas, o economista Marcos Rambalducci recomenda mesmo a substituição de produtos e redução do consumo, até porque alguns estabelecimentos diminuíram os estoque de alguns itens com receio de que a elevação dos preços vá espantar os consumidores.

"Quem estava querendo comprar bacalhau vai acabar migrando para outro produto mais barato. Imagina que os supermercados estão vendendo o item parcelado em 10 vezes? Quem vai fazer esse tipo de comprometimento da renda tão significativa? De qualquer forma, haverá migração e certamente redução dos produtos. Mesmo que as pessoas comprem azeitonas portuguesas, castanhas espanholas, vão diminuir a quantidade em um patamar que caiba no bolso."

PESQUISA

Outra orientação é "bater perna" para encontrar o preço mais atrativo na cidade. "Tem que cansar a perna para descansar o bolo", brinca a aposentada Terezinha Rodrigues. A variação dos preços dos pescados entre estabelecimentos diferentes pode chegar a 232,03%, como no caso dos preços máximo e mínimo do quilo do camarão sete barbas sem casca e congelado, de acordo com o levantamento do Procon-Ld. O bacalhau do porto teve variação de 49,93% entre estabelecimentos.

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