A diretoria da Sercomtel anunciou proposta de PDV (Plano de Demissão Voluntária) que será apresentada aos seus colaboradores a partir de quarta-feira (27). O plano visa reduzir em 50% o quadro de funcionários da empresa, que passou à iniciativa privada após a compra da companhia no ano passado. O plano será ofertado a todos os 456 empregados ativos e os trabalhadores terão até o dia 2 de fevereiro para manifestar interesse.

Imagem ilustrativa da imagem Com PDV, Sercomtel pretende enxugar 50% do quadro de funcionários
| Foto: Gustavo Carneiro/10-8-2020

O processo faz parte do planejamento estratégico da nova administração da telefônica. “O motivo real de incentivar e fazer esse PDV é fazer com que a Sercomtel tenha fôlego para voltar a crescer. Vai haver novas rodadas de investimentos, mas a empresa precisa se adequar ao tamanho que ela é hoje”, menciona Márcio Tiago Arruda, diretor de operações do fundo Bordeaux nomeado presidente da empresa no final de dezembro.

A empresa colocou R$ 25 milhões como meta para concluir o processo de demissões. Ao atingir o valor, o PDV será finalizado. Como o acordo será ofertado a todos os funcionários, independente de cargos e salários, os diretores não puderam afirmar com exatidão quantas pessoas serão impactadas, mas que a proposta deve contemplar metade do quadro de funcionários. “De acordo com as nossas estimativas, isso abrange 50% do quadro, mas depende das pessoas que aderirem, pode ser mais ou pode ser menos”, afirma o presidente.

ADESÃO
Os funcionários que aderirem ao PDV, além das verbas rescisórias inerentes ao pedido de demissão, vão receber indenização equivalente ao tempo de serviço. A indenização pode chegar a 18 remunerações para aqueles que tiverem mais de 36 anos de casa. As verbas rescisórias serão pagas à vista, como previsto em lei, os valores das verbas indenizatórias serão pagos em parcelas mensais em oito meses, mesmo período que terão direito ao plano de saúde.

Os administradores esperam adesão suficiente para atingir o teto estipulado de R$ 25 milhões. “É terrível falar de demissão. É por isso que o PDV entra, é oportunidade para quem concorda em sair por meio de uma indenização correta”, argumenta Hélio Costa, presidente do Conselho de Administração. “Ela pode até ter mais funcionários que tem hoje, mas nesse momento, precisa de recurso para investir em sua malha técnica”, acrescenta.

Costa relata a situação crítica da companhia e recorda que, quando aberta a primeira oferta pública, não houve interessados em comprá-la. “Eu fui chamado para participar, dar a minha opinião, de que maneira a empresa poderia ser recuperada e, com competentes administradores e analistas do fundo, ficou claro que há um caminho, mas este caminho começa com uma reestruturação e redimensionamento da empresa”, menciona o consultor.

PRÓXIMOS PASSOS
Para Arruda, não há apenas um caminho para o futuro da companhia e que será necessário analisar as lacunas que ficarão na empresa após o PDV para estudar necessidade de novas contratações. Neste caso, considera reformulações nas novas contratações. “Existe um plano de cargos e salários de empresa pública e vai existir um plano de cargos e salários como privada. Conhecendo por onde o fundo passou, as pessoas serão mais recompensadas pelo crescimento da empresa do que de uma remuneração fixa”, afirma. Os funcionários atuais serão enquadrados na nova organização com a mesma faixa salarial até que cargos sejam definidos. “Vamos ter uma fase de adaptação”, acrescenta.

O presidente diz que ainda é cedo para falar em uma convergência das forças de trabalho entre Sercomtel e Copel e que não há propostas de terceirização e sim reavaliação das terceirizações já feitas, com renegociações de contrato. No plano de reformulação da empresa, exclui a possibilidade de a Sercomtel descartar qualquer serviço já prestado com telefonia fixa, telefonia móvel e fornecimento de banda larga. “Não vamos abrir mão de nenhum dos serviços, vamos continuar com fixo, móvel e crescer em banda larga”, defende.

Segundo o presidente, a empresa deve em torno de R$ 20 milhões para a Anatel, R$ 30 milhões para a prefeitura, que dentro do processo de compra, a dívida seria apagada, e R$ 150 milhões em impostos ao Estado. “Estamos trabalhando para fazer essa reestruturação da empresa para que ela possa sobreviver”, afirma.

Costa fala que o PDV é uma forma amistosa de lidar com a demissão e que o investimento em área técnica é fundamental para competir no mercado e se preparar para participar da oferta do 5G. “Torcemos para que até o dia 2, tenhamos mais da metade dos funcionários da Sercomtel participando dessa proposta”, afirma.