Assim como as universidades federais, o IFPR (Instituto Federal do Paraná), que possui 26 campi espalhados pelo Estado, sofreu corte de recursos este ano. Caso as aulas continuem em sistema remoto, como acontece atualmente, o pró-reitor de Planejamento da instituição, Paulo Yamamoto afirma que o Instituto poderá sobreviver ao ano de 2021, ainda que com dificuldades. Porém, se as aulas presenciais forem retomadas, a perspectiva é incerta.

Imagem ilustrativa da imagem Com orçamento de custeio 30% menor, IFPR teme volta às aulas presenciais
| Foto: Gustavo Carneiro

De acordo com Yamamoto, o IFPR tem sofrido sucessivas reduções de orçamento ao longo dos anos, mesmo com o crescimento do número de alunos e de atividades. "Ao longo dos anos temos realmente tido muitas dificuldades porque têm sido aplicadas sucessivas reduções no orçamento da instituição. Mesmo com o crescimento que o IFPR apresenta, o orçamento não cresce na mesma proporção."

De 2019 para 2020, a redução do orçamento de funcionamento (custeio e investimento), já considerada significativa pela instituição, foi de 10% a 12%. Este ano, porém, os cortes foram muito maiores.

Segundo o pró-reitor, a redução do orçamento de custeio - para pagamento de despesas como água, luz, telefone, vigilância, limpeza, materiais, etc - chegou a 30% na comparação com o ano passado.

Também houve diminuição de 10% na assistência estudantil, voltada a alunos carentes, e de 6% no orçamento voltado a investimentos - para compra de equipamentos, construção ou manutenção de laboratórios e salas de aulas, por exemplo. Além disso, embora tenha havido liberação de parte do orçamento que estava condicionado a aprovação do Congresso, 22% do orçamento de custeio permanece bloqueado para a instituição.

"Se nada acontecer, for até o final do ano com atividades remotas, a gente acha que consegue superar o ano com dificuldade, mas consegue. Agora se voltar presencial, a gente vai ter que fazer as contas para saber se com este orçamento vamos conseguir encerrar o ano", diz Yamamoto.

Sem aulas presenciais, as despesas da instituição com luz, água, limpeza e vigilância, por exemplo, diminuíram. Mas com a vacinação de trabalhadores da educação, há o receio de que seja determinado o retorno das aulas presenciais, diz o pró-reitor.

"Se voltar aula presencial, aí sim teremos muita dificuldade porque tem que, além de recompor todo o quadro de terceirizados, limpeza, vigilância, manutenção, volta como quando era presencial, ou mais. Porque aí já teve inflação, aumento de energia, água, mão de obra. E além disso, tem que atender às exigências da saúde pública, vigilância sanitária, distanciamento de carteiras, álcool gel, máscara", enumera Yamamoto. "As despesas devem aumentar em relação ao que se gastava e aí é evidente que vai faltar recursos."

O Instituto reivindica junto com o Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica) a recomposição do orçamento de custeio.

ASSISTÊNCIA

A redução de 10% na assistência estudantil também pode prejudicar os estudantes, aponta o pró-reitor de Planejamento. No IFPR, 80% das vagas são destinadas a alunos carentes. A assistência estudantil garante o pagamento de bolsas, alimentação, transporte, entre outras despesas para os estudantes de baixa renda. "A gente depende muito desses recursos para manter o aluno na escola. Precisamos de uma boa política para preservar os alunos e ter um bom aproveitamento."