O prazo para conclusão das obras da Cidade Industrial de Londrina foi mais uma vez estendido. O consórcio CIL, responsável pela execução do projeto, recebeu um aditivo de 183 dias da Secretaria Municipal de Obras e, com a medida, a entrega deve acontecer somente no final de novembro deste ano, um atraso de sete meses em relação à última data divulgada, que era abril de 2025.

O aditivo foi autorizado no último dia 22 de maio e, segundo a Secretaria de Obras, o consórcio alegou problemas com a documentação do projeto, entre eles, uma divergência sobre as dimensões de alguns postos de queda e também sobre o cálculo do volume de terraplanagem e a rotatória da avenida Saul Elkind.

De acordo com a mais recente medição feita pela pasta, em 2 de junho, 73,5% das obras foram executadas. Em abril, eram 72% e em fevereiro, 70%, conforme apontou a medição realizada pela Secretaria de Estado das Cidades.

A administração municipal já constatou que mesmo com o prazo inicial finalizado e os 270 dias de prazo já acrescidos ao contrato, serviços que não tiveram alteração de projeto que impactassem no cronograma da obra, como pavimentação e construção da guarita, não foram concluídos e que "in loco" foi verificado o baixo efetivo de trabalhadores no canteiro de obras.

Imagem ilustrativa da imagem Com novo aditivo, Cidade Industrial deve ser entregue só em novembro
| Foto: Roberto Custodio

Com a nova prorrogação de mais de seis meses, também atrasa o início das obras das empresas que irão funcionar na Cidade Industrial. O prazo de 12 meses para início das construções será estendido para 18 meses, chegando até o final do primeiro semestre de 2026, e o prazo de 24 meses para início das operações também irá aumentar para 30 meses, chegando até a metade de 2027, conforme prevê a Lei de Industrialização do município. "Vai haver uma natural prorrogação porque alguma infraestrutura é determinante para o início das construções. Mas por outro lado, a gente orientou que terminem as aprovações dos respectivos projetos (de responsabilidade da Secretaria de Obras)", disse o diretor de Desenvolvimento da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), Atacy Melo Junior.

A reportagem entrou em contato com alguns dos empresários que adquiriram terrenos na Cidade Industrial. Segundo um deles, a dilação do prazo não será prejudicial para os negócios. Esse tempo extra deverá ser utilizado para fazer revisões no projeto.

Histórico da obra

A Cidade Industrial de Londrina começou a ser construída em 2021 com previsão de entrega em maio do ano seguinte. Os recursos foram liberados pelo governo estadual, mas em dezembro de 2021, com menos de 5% dos trabalhos realizados, a Prefeitura de Londrina rompeu o contrato unilateralmente. A justificativa era de que havia irregularidades com a empresa contratada. Após uma nova licitação, as obras foram retomadas.

O empreendimento fica na zona norte, próximo ao limite com Cambé, e ocupa uma área total de 395 mil metros quadrados. No projeto, foram investidos quase R$ 38 milhões. No final do ano passado, a Codel leiloou quase a totalidade dos lotes ofertados.

A ampliação da participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) de Londrina é estratégica para diversificar a economia local, hoje fortemente concentrada no setor de serviços e comércio. Com uma base educacional sólida, proximidade de polos logísticos e presença de centros tecnológicos, o município reúne condições favoráveis para atrair investimentos industriais de maior valor agregado.

De acordo com especialistas da área e a própria Secretaria Municipal de Planejamento, fortalecer esse setor pode gerar empregos mais qualificados, aumentar a arrecadação e reduzir a vulnerabilidade econômica a oscilações do comércio e do setor público, impulsionando um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável. A Codel calcula que até o momento em que as 48 empresas estiverem funcionando a pleno vapor, dez mil empregos diretos e indiretos sejam gerados.

"Vai levar oportunidade de trabalho para a comunidade da região, melhorar toda a infraestrutura e incentivar investimentos. É um zoneamento industrial e promove o desenvolvimento de toda a região, inclusive de Cambé porque cria um eixo de desenvolvimento", disse o diretor de Desenvolvimento da Codel. "No sentido contrário, de Cambé para Londrina, já tem habitações ao longo da (avenida) Saul Elkind."

Dos 52 terrenos colocados à venda em 2024, 47 foram arrematados. Entre os remanescentes, dois devem ficar como reserva estratégica e o restante deverá ser colocado à venda em momento oportuno. Com os leilões, o município arrecadou mais de R$ 42 milhões.

Aporte financeiro

Além da extensão do prazo, o consórcio CIL também solicitou ao município um aditivo de R$ 250 mil. A assessoria de imprensa da prefeitura não informou se a suplementação financeira foi autorizada.

A reportagem tentou ouvir a Secretaria Municipal de Obras, mas o órgão não concedeu entrevista.

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