Desde segunda-feira (3), toda a gasolina vendida pelas refinarias brasileiras ou importada para o país deve atender a novas especificações de qualidade aprovadas em janeiro com o objetivo de melhorar a eficiência do combustível vendido no Brasil.

Imagem ilustrativa da imagem Com nova especificação, gasolina poderá ficar mais cara
| Foto: Marcos Zanutto/5-1-2018

Distribuidoras e postos ainda terão prazo para eliminar os estoques de gasolina antiga, com o prazo de final de 3 de novembro para o fim da venda da gasolina antiga.

Com melhor qualidade, a nova gasolina é mais cara – importadores falam que estão pagando R$ 0,07 a mais por litro – mas o governo defende que o ganho de eficiência nos motores pode compensar o aumento de custos. A Petrobras já vem produzindo num padrão ainda superior, previsto para entrar em vigor apenas em janeiro de 2022.

Para veículos já em circulação, a principal diferença estaria na melhor densidade do combustível, que pode tornar os carros mais eficientes. Testes feitos pela Petrobras indicam que a nova especificação brasileira reduz o consumo por litro entre 4% e 6%.

A legislação brasileira não estabelecia limite mínimo de densidade, permitindo a produção ou importação de gasolinas mais "leves" ou com compostos químicos que reduzem o rendimento. A nova especificação do combustível adota uma densidade mínima.

A Petrobras admite que o produto é mais caro, mas diz que a variação dos preços da gasolina depende também das oscilações no mercado internacional, da taxa de câmbio e de custos de frete. Assim, diz a companhia, a mudança não será determinante na composição final do preço.

Importadores que abastecem cerca de 20% do mercado dizem, porém, que estão pagando R$ 0,07 a mais por litro na compra de gasolina de melhor qualidade para trazer ao Brasil. A média ocorre, porém, num período de baixa nas cotações internacionais, que levaram a Petrobras a cortar em 4% o preço da gasolina na última sexta (4).

Coordenador do Procon Londrina, Gustavo Richa diz que já foi procurado pelo Sindicombustíveis-PR (Sindicato dos Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniência do Estado do Paraná), que afirmou que a gasolina pode ficar R$ 0,50 mais cara por litro. Para ele, principalmente especialmente em um momento de pandemia, em que muitos ficaram desempregados ou tiveram o orçamento doméstico cortado, o consumidor será prejudicado. “Quem paga o pato é o consumidor. Por isso não concordo em aumentar a qualidade e subir o preço, até porque em muitos países que a gente conhece a gasolina é muito mais em conta e a qualidade é maior.”

Richa diz ainda ter dúvidas sobre os benefícios da nova gasolina para o consumidor, já que o preço do combustível deve aumentar. “Não sei se vai ser benéfico para consumidor, porque a partir do momento que eles querem aumentar a qualidade, mas também o preço, é complicado. A gasolina no País não é barata. O correto seria aumentar a qualidade por obrigação, e não também aumentar o preço.”

Em nota, o Sindicombustíveis-PR explicou que caberá à Petrobras estipular o valor da nova gasolina, e que até o momento a petrolífera não divulgou essa informação. “Vale ressaltar que os postos não compram diretamente das refinarias. São obrigados a comprar das companhias distribuidoras. Por isso, qualquer eventual aumento ao consumidor depende primeiramente da Petrobras e das distribuidoras”, continua a nota.

Para a entidade, conforme informações divulgadas pela Petrobras, a nova gasolina “representa um avanço que beneficiará consumidores, revendedores e o estado”. “Os consumidores terão acesso a um produto mais avançado, que trará maior rendimento aos veículos, segundo a petrolífera”, diz a nota do Sindicombustíveis-PR.

No entendimento do Sindicato, a composição da nova gasolina, que dificulta a adulteração do combustível, também reduz a probabilidade de fraudes “que geram uma concorrência desleal no segmento de postos, prejudicando a grande maioria dos empresários que trabalha estritamente dentro da lei”. “Ao dificultar adulterações, a nova gasolina ainda ajuda os governos estaduais e o federal a impedirem a sonegação de impostos.”