Imagem ilustrativa da imagem Com frotas reduzidas, locadoras de veículos veem demanda crescer de novo
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No início da pandemia, quando a demanda por aluguel de veículos caiu drasticamente, as locadoras se viram obrigadas a se desfazer de boa parte de sua frota. Agora, com o retorno da demanda, elas não têm automóveis suficiente para atender o cliente e enfrentam dificuldades para adquirir novos.

Segundo Michel Lima, presidente do Sindiloc-PR (Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos Automotores, Equipamentos e Bens Móveis do Estado do Paraná), em 60 dias, as empresas que oferecem a locação de carros na modalidade rent a car (diária) tiveram queda de 60%. Os contratos mais longos, para empresas privadas, tiveram queda de 30% a 40%.

"A perspectiva era de que isso ia ficar meses, seis, oito meses. As locadoras não tinham onde colocar carro, várias tiveram até que alugar pátio de estacionamento, então começaram a vender, mesmo porque muitas locadoras trabalham com dinheiro emprestado e venderam carro para pagar o banco", explica Lima.

O problema é que em meados de outubro, o mercado começou a reagir. As pessoas começaram a retomar as viagens, as empresas retornaram às atividades, os motoristas de Uber começaram a alugar carros novamente. "Chegou a um ponto que faltou carro, porque as locadoras também pararam de comprar das montadoras."

Com a perspectiva de vendas abaixo do esperado no início da pandemia, as montadoras alteraram sua programação de compra com os fornecedores. Agora, com a retomada inesperada do mercado de locação de veículos, a indústria automobilística não tem como atender a demanda das locadoras de imediato, explica o presidente do Sindiloc-PR.

"Tudo isso gerou um efeito cascata. As montadoras não têm carro para entregar para as locadoras, e o que têm - como o mercado está aquecido, com juros baixos -, vendem a preço de tabela para as concessionárias. São dois problemas: o mercado reaquecido e a falta de carro. Não que o mercado esteja como antes da pandemia."

FROTA REDUZIDA
"A demanda aumentou neste fim de ano, mas está faltando carro por causa das montadoras. Tivemos que mobilizar parte da nossa frota e agora as montadoras só conseguem entregar em 60, 90, 120 dias", conta Luísa Schultz, sócia da Brascar, de Londrina. Segundo ela, todo fim de ano a demanda por carros aumenta devido às viagens. A diferença, em 2020, é que a capacidade de atendimento diminuiu. "Vendemos uns 10% da nossa frota."

O retorno da demanda contrariou previsões das locadoras de veículos e "pegou todo mundo de calça curta", afirma Assad Jannani, proprietário da RenaCar. "As locadoras foram diminuindo sua frota e quando a demanda retornou, pegou todo mundo de calça curta, com a frota reduzida. Houve uma espécie de efeito manada, todo mundo achando que a pandemia ia ter impacto bem maior que realmente teve."

Antes da pandemia, Jannani tinha uma frota de cerca de 60 veículos, que foi reduzida para 25. "Agora estamos perdendo locação porque a gente tem pedidos já há mais de 90 dias nas montadoras e não há perspectiva de atendimento, porque as montadoras mudaram a política de comercialização, deixaram de dar atenção às locadoras e focaram mais no mercado consumidor. Até porque a própria produção ainda está bem abaixo dos níveis anteriores da pandemia."

PREÇOS MAIS ALTOS

De acordo com Michel Lima, do Sindiloc-PR, os preços da locação de carros já subiram cerca de 20% no balcão. A perspectiva, é que a situação ainda perdure no primeiro semestre de 2021. "O mercado está todo desorganizado. Esta é a verdade."