A Cohab (Companhia de Habitação de Londrina) está licitando 20 das 33 lojas situadas no Mercado Municipal Shangri-lá, entre as quais quatro delas incluem espaço para depósito, mas já estuda a possibilidade de fazer a concessão do mercado para a iniciativa privada, que ficaria responsável pela administração da estrutura e eventuais melhoras. A informação é do presidente da Cohab, Luiz Cândido de Oliveira, que destacou que ainda não há prazo para que essa concessão seja concretizada, já que a prioridade é realizar a parceria público-privada em outros lugares como o autódromo Ayrton Senna, a rodoviária e a construção do anexo do centro administrativo da Prefeitura de Londrina.

A Cohab-Ld (Companhia de Habitação de Londrina) está licitando 20 das 33 lojas situadas no Mercado Municipal Shangri-lá.
A Cohab-Ld (Companhia de Habitação de Londrina) está licitando 20 das 33 lojas situadas no Mercado Municipal Shangri-lá. | Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

Sobre o edital de licitação das lojas divulgado agora, os espaços possuem parcelas mensais mínimas na faixa de R$ 300 a R$ 3,7 mil, as salas comerciais possuem área total que varia de 21,68 m² a 274,66 m², e estão localizadas na Rua Visconde de Mauá com Avenida Pandiá Calógeras.

PRAZO

Segundo Oliveira, a realização do atual edital com a permissão de uso pelo prazo de 36 meses, com a possibilidade de ser prorrogado até o limite de 60 meses, é o prazo legal determinado pela lei de licitações, portanto não pode ser ampliado, que é uma das reivindicações de lojistas atuais, que afirmam que o prazo é curto para ter o retorno desejado caso não consigam vencer a licitação. Como os espaços são disponibilizados da maneira em que se encontram, a reforma ficará a cargo de quem assumir o ponto.

“Das 33 lojas, 13 já estão permissionários, porque já foram feitos os certames em outros momentos. Quer dizer, eles vencem períodos diferenciados. Mas esse prazo gera um desgaste não só para os permissionários, mas para a Cohab-Ld também, porque ele foge do escopo da função da companhia, cuja função primordial é a habitação de interesse social, e não fazer gestão locatícia de mercados municipais. Diante dessa situação é que nós estamos desenvolvendo um trabalho com a Secretaria de Gestão Pública para esse programa de concessão”, ressaltou. “Um dos pedidos do próprio prefeito é que nessa concessão se mantenha as atividades comerciais como lá estão, ou seja, o local que está vendendo fruta continue vendendo fruta e o espaço que está vendendo carne, que continue vendendo carne. O que não dá para garantir é que fique com os mesmos permissionários”, destacou. Ele ressaltou que as permissões que forem concedidas agora deverão ser respeitadas caso essa concessão da estrutura seja viabilizada. “Eu entendo o lado do patrimônio de conservação, e acho que é um prédio histórico, que tem raízes culturais e arquitetônicas envolvidas. Não é intenção nenhuma da Cohab descaracterizar esse prédio como histórico da cidade”, afirmou.

INTERESSADOS

Os interessados podem protocolar suas propostas comerciais e documentos de habilitação até o dia 1° de fevereiro, na sede da Companhia. Serão escolhidas as propostas com maior preço ofertado, desde que o proponente atenda a todos os critérios exigidos. Podem disputar a licitação pessoas jurídicas sem débitos junto ao Município e Fazenda Estadual. Todos os requisitos e documentos obrigatórios podem ser conferidos no edital, publicado na página da Cohab-Ld no Portal da Prefeitura de Londrina.

Além de protocolar os envelopes, com proposta comercial e documentos habilitatórios, até às 9h30 de 1° de fevereiro, os proponentes também podem credenciar um representante para acompanhar a abertura e avaliação das propostas, que também será realizada no dia 1° de fevereiro, às 11h. O certame será conduzido na Sala de Licitações e Contratos da Cohab-Ld, localizada na sede da companhia, na Rua Pernambuco, 1.002.

Mesmo os atuais permissionários das 20 lojas oferecidas também podem disputar o certame.

A Cohab-Ld (Companhia de Habitação de Londrina) está licitando 20 das 33 lojas situadas no Mercado Municipal Shangri-lá.
A Cohab-Ld (Companhia de Habitação de Londrina) está licitando 20 das 33 lojas situadas no Mercado Municipal Shangri-lá. | Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

REFORMAS

Os permissionários atuais e funcionários reclamam das condições atuais do espaço, que apresenta goteiras e os sanitários também já estão com problemas de manutenção.

Cirléia Bonifácio, que atua em uma choperia no local, está há um mês no mercado e reivindica melhorias. “Aqui precisa de muita atenção, de reforma. Aqui tem goteiras e, quando chove, a água vem aqui para dentro. É uma questão de conforto para as pessoas, já que os clientes gastam para estar aqui. É preciso contrapartida da prefeitura. Não quero que meu cliente tome um chope e caia água no chope dele”, ressaltou.

Sobre as reformas, Oliveira explicou que elas foram divididas em três etapas. “O processo de intervenção na questão da manutenção e conservação daquele espaço foi feita a revitalização do entorno do empreendimento primeiro, com pavimentação acessível, com a colocação de rampas e piso tátil, além da pintura externa da edificação. A segunda fase foi a contratação de um projeto elétrico no intuito de fazer a reforma dessas instalações em todo o prédio. Nós contratamos a empresa, que já apresentou os projetos, inclusive aprovado pela Copel. Temos o orçamento para execução, no entanto ainda não estamos fazendo em função dessa definição, se vai fazer a concessão ou não. O terceiro passo seria a reforma dessas goteiras, porque a companhia já fez um trabalho de impermeabilização da laje alguns anos atrás e nós vimos que não foi eficaz. Então existe a possibilidade de ter que mexer em toda a estrutura, mas posso dizer que muitas gambiarras foram feitas pelos permissionários, inclusive sem aprovação e autorização da companhia”, ressaltou o presidente da Cohab-Ld.

TRADIÇÃO NÃO É GARANTIA

Tradição não é garantia para que um estabelecimento permaneça no Mercado Shangri-lá. A comerciante Yda Katsumi Pozza relembra da licitação em que acabou perdendo o espaço em que estava há 28 anos e que resultou na sua saída do Mercado Shangri-lá. Ela relembrou que chegou a chorar por quatro dias seguidos após a ida do oficial de Justiça que entregou a ordem de liberar o ponto. “A sorte é que a gente alugava uma casa próxima do mercado, que eu utilizava como depósito. A gente fez a mudança em três viagens. Hoje eu vendo mais aqui do que lá. Aqui tem mais espaço. A floricultura que entrou no nosso lugar chegou a investir R$ 30 mil no Mercado Shangri-lá, mas não conseguiu se manter.”. Ela questionou a forma como o certame foi realizado, mas diz que hoje está bem melhor do que no espaço anterior.

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