Cobrança de pedágio na PR-092 está próxima de ser iniciada
Praça no Norte Pioneiro está concluída, mas ainda não há data para início da cobrança. Lideranças apostam na duplicação para impulsionar desenvolvimento
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
Praça no Norte Pioneiro está concluída, mas ainda não há data para início da cobrança. Lideranças apostam na duplicação para impulsionar desenvolvimento
Lucas Aleixo - Especial para a FOLHA

As tão aguardadas obras de infraestrutura que a PR-092 começa a receber após a concessão trazem consigo um preço a se pagar, literalmente. O trecho entre Santo Antônio da Platina e Jaguariaíva, no Norte Pioneiro e Campos Gerais, em breve terá o início da cobrança de pedágio, com a nova praça já construída no município de Siqueira Campos.
Embora a EPR Litoral Pioneiro, concessionária responsável pelo trecho, ainda não tenha a definição de quando exatamente a cobrança das tarifas terão início, toda a estrutura para operação da praça já está praticamente pronta, inclusive com a contratação de pessoal. O preço previsto da tarifa é de R$ 11,22 para veículos de passeio.
Como o prazo definido pela concessionária junto à ANTT (Associação Nacional de Transportes Terrestres) apontava para o início da cobrança nos primeiros meses de 2025, a expectativa é que em questão de algumas semanas a EPR Litoral Pioneiro anuncie a data para o início da tarifação. Paralelamente, algumas das obras previstas contratualmente na cessão do governo do Estado já acontecem, como roçagem, melhorias na sinalização e, principalmente, a reforma da malha viária, que acontece simultaneamente em diferentes pontos do trecho e traz uma expressiva melhoria nas condições de tráfego.

A expectativa, porém, é pela duplicação do trecho, de mais de 120 quilômetros de extensão, passando pelos municípios de Santo Antônio da Platina, Joaquim Távora, Quatiguá, Siqueira Campos, Wenceslau Braz, Arapoti e Jaguariaíva. Essas ações devem ter início a partir do quarto ano da concessão, que teve início em 2024.
Negligenciada pelo governo do Estado há décadas no que diz respeito ao aumento da capacidade de fluxo e por vezes até na manutenção básica do asfalto, a rodovia conta com pistas simples (exceto em Siqueira Campos, onde há um trecho de pouco mais de 4 quilômetros já duplicado), poucas terceiras faixas e precários trevos de acesso à zona urbana de municípios por onde passa. O resultado disso é uma situação de “estrangulamento”, com alto fluxo, especialmente de utilitários pesados – em dias de pico, a estimativa é que até 10 mil veículos circulem pelo trecho.

Construída nos anos 1970 para abrigar o então tímido trânsito local e à época com papel logístico secundário em virtude da existência do Ramal do Paranapanema, com o passar do tempo e o declínio do modal ferroviário, a PR-092 se tornou parte de um importante corredor viário que liga o Sul de São Paulo e Norte Pioneiro a Curitiba e o Porto de Paranaguá, em um trajeto muito usado ainda para o escoamento também da safra de parte do Mato Grosso, concentrando assim um substancial aumento de fluxo nas últimas décadas.
SOLUÇÃO
É difícil contabilizar, mas nos últimos anos foram inúmeros ofícios de prefeituras e câmaras de vereadores destinados ao DER/PR (Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná) cobrando melhorias e solução para a PR-092 na região. As soluções, porém, na maioria dos casos esbarravam na falta de orçamento da autarquia.
A solução encontrada pelo governo paranaense perante a situação de necessidade de melhorias foi a inclusão da rodovia no pacote de privatizações de rodovias paranaenses. Apesar de algumas ressalvas, a medida foi bem aceita pelas lideranças da região.
A Amunorpi (Associação dos Municípios do Norte Pioneiro), por exemplo, sempre se posicionou favorável à privatização. Individualmente, prefeitos e lideranças também vêm como positivo o novo cenário.
A preocupação da sociedade, porém, é na efetivação das obras, especialmente a duplicação – na concessão anterior, quando a BR-153 e BR-369, abrigaram praças de pedágio em Jacarezinho, muitas das obras previstas no contrato não saíram do papel.
O presidente da Sociedade Rural do Norte Pioneiro, Júnior Gaudêncio, afirma que a região sofre com a falta de infraestrutura, mas adverte que um pedágio com valores acima da realidade local pode trazer impactos negativos.
“Precisamos muito de melhorar nossa infraestrutura, temos que ter um cenário mais atrativo, especialmente para empresas, mas não podemos conviver com um pedágio com preço injusto, isso prejudicaria nossos produtores e empresários, especialmente os pequenos”, adverte.
“O Norte Pioneiro é uma região muito produtiva, mas que infelizmente ficou esquecida durante bastante tempo. A esperança é que agora isso mude e logo possamos ter rodovias duplicadas”, completa. Além da PR-092, a BR-153 entre Jacarezinho e Santo Antônio da Platina, e a BR-369, entre Jacarezinho e Cornélio Procópio, também foram privatizadas e devem ser duplicadas ainda nesta década.
Em Wenceslau Braz, município com importante número de melhorias previstas, a expectativa é alto e a intervenção é vista pela providencial pela sociedade. “Nossa cidade não tem um trevo de verdade e há anos existe essa briga para melhorar os acessos, agora temos projetos e previsão com datas definidas. Acreditamos que já no terceiro ano da concessão vamos ter muitas dessas obras já executadas”, comemora o prefeito Luiz Carlos Vidal, o Polaco.

“Essa era uma das preocupações quando assumimos a prefeitura agora em janeiro, mas já estive reunido com a concessionária e fiquei bem feliz com os projetos. São três trevos de acesso e quatro passarelas. Vamos debater juntos a realização dessas obras, porque existem planos e necessidades dentro da cidade, e precisamos pensar em soluções integrando o trânsito urbano com os novos trevos e a rodovia duplicada”, explica o gestor.
Além da duplicação das pistas entre Santo Antônio da Platina e Jaguariaíva, estão previstas a instalação de três bases operacionais da concessionária (em Arapoti, Wenceslau Braz e Joaquim Távora), construção de 28 novos viadutos em trevos, acessos e retornos, além de implantação de passarelas, ciclovias, avenidas marginais e correções de traçado.

