As chuvas em São Paulo e Rio de Janeiro no último fim de semana não representam um alento para a atual situação de crise energética no Sudeste. Segundo avaliação do Instituto Nacional de Meteorologia, foram chuvas com origem na faixa litorânea que em nada afetarão o nível dos reservatórios das usinas. Mais: segundo previsão da Divisão de Meteorologia Aplicada, os meses de junho, julho e agosto serão de intensa seca, especialmente em Goiás e Minas Gerais, onde estão localizadas a maioria das usinas que abastecem a região.
‘‘É uma estação bem definida e a temperatura do mar permanece muito quente, o que significa que não irá chover de uma maneira satisfatória’’, diz Expedito Rebello, chefe da Divisão. Segundo ele, a expectativa é de um acúmulo de chuvas de, no máximo, 80 mililitros por mês. Na estação chuvosa, sob características normais, a média fica entre 300 ml e 400 ml por mês.
Em dezembro, o serviço de meteorologia já havia enviado relatório a todos os Ministérios com o prognóstico para janeiro, fevereiro e março.
O documento salientava a entrada de uma estação anômala, muito semelhante à ocorrida no início das décadas de 40 e 60. Segundo o estudo, nos Estados de Minas, Espírito Santo e São Paulo ocorreriam veranicos, ou seja, períodos de uma a duas semanas sem chuvas dentro da estação chuvosa, fato que não ocorria há 60 anos.
As chuvas no litoral, na avaliação do diretor da seção do Rio de Janeiro do Instituto de Meteorologia, Luis Carlos Austin, deveram-se a uma passagen de frentes frias pelo litoral. ‘‘O que ocorreu no início do ano foi um bloqueio de massa de ar quente na Argentina, que não tem causas conhecidas, mas desde janeiro se sabia da falta de chuvas’’, disse Austin.