O excesso de chuvas vem encarecendo os preços de algumas variedades de hortifrútis no Paraná. Na região de Curitiba, o impacto nos aumentos foi mais abrangente pelo volume de precipitação, com reajuste de até 166% no caso da alface desde o início do mês. Na região de Londrina, a alta afetou menos produtos, sendo que cebola foi o maior ‘vilão’, com alta de 150%.

Em outubro, entre os 30 produtos analisados na Ceasa de Curitiba, 18 apresentaram reajuste de preço. Seguidas da alface, as maiores altas ficaram para cebola (122%), couve-flor (83%), morango (66%) e batata (23%).

Do total, sete produtos baixaram de preço (tomate, chuchu, abobrinha, limão, cenoura, melancia e manga) e cinco ficaram estáveis (abóbora, pepino, mandioca, ovo e abacaxi).

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Nos primeiros 15 dias de outubro, as variações maiores na região de Londrina foram cebola (150%) e alface (39%). Na região de Maringá, o ‘vilão’ foi o limão, com alta de 119%, e a cebola (117%). Na região de Cascavel, as maiores altas foram da cebola (78%), morango (59%), batata (54%) e pepino (50%). O levantamento dos preços foi feito pela Divisão Técnica da Ceasa.

O engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural), Paulo Andrade, destaca que desde o início do mês as chuvas têm se concentrado mais nas regiões sul, sudoeste, central e no litoral do Estado.

“Os meteorologistas preveem uma redução das chuvas para a segunda semana de novembro. Assim, algumas áreas de cultivo a céu aberto poderão ser inteiramente replantadas. Os canteiros terão de ser preparados, bem como as sementeiras, a produção das mudas e as repicagens (tirar as mudas do viveiro e plantá-las nos locais definitivos). Depois vêm as adubações, controles de pragas e doenças”, explica.

O técnico prevê que, até fechar o ciclo da alface, por exemplo, vai levar uns 40 dias para a oferta se normalizar na região de Curitiba.

“A cebola está em início de colheita nos estados no Nordeste e do Sudeste. Dessa forma, espera-se uma gradual redução nas cotações, na medida em que as colheitas se intensifiquem. O morango tende a um arrefecimento dos valores com as colheitas dos frutos produzidos em ambientes protegidos (estufas).”

Efeitos

Andrade acrescenta que, em um primeiro momento, o excesso de chuvas causa perdas de qualidade dos produtos e depois das quantidades ofertadas. “São manchas, queimas, podridões etc. O solo encharcado impede a aeração e desde as raízes tudo se perde, ficando o produto imprestável para a comercialização.”

O engenheiro agrônomo considera que o agricultor familiar é o elo mais frágil da cadeia de produção. “Ele não estabelece o preço, é sim um tomador dos preços que o mercado está disposto a pagar pelo seu produto.”

Para os consumidores, o técnico orienta que reduzam as quantidades a adquirir ou busquem substituir por olerícolas com preços mais acessíveis no momento, pois o mercado se rearranja e as cotações tendem a arrefecer na medida dos dias.

“Sob outro viés, alguns produtos das hortas têm baixado de preço e o tino criativo do consumidor em experimentar novos sabores pode explorar novas receitas nestes momentos de carestia”, conclui.

Poder de Compra

O economista Marcos Rambalducci, professor da UTFPR, considera que toda elevação de preço causa impacto no poder de compra do consumidor, especialmente quando são produtos de primeira necessidade, como os alimentos.

Ele reforça que esse aumento atinge de forma mais acentuada as famílias de mais baixa renda, visto que despendem uma parcela maior dos seus rendimentos com alimentação.

“Isso compromete a possibilidade de adquirir outros produtos. Por outro lado, estamos vendo alguns aumentos pontuais em outubro, mas na média a cesta básica de alimentos apresentou um recuo médio de 11,6%, na comparação com o preço da mesma cesta básica em 1º de janeiro.”

Chuvas em outros locais afetam região de Londrina

André Luiz Varago, engenheiro agrônomo da Ceasa de Londrina, destaca o aumento no preço de alguns produtos em virtude do excesso de chuvas em outras localidades, o que influencia na relação oferta-demanda. “Principalmente cebola, vagem e algumas folhosas, como alface, rúcula, acelga, agrião e brócolis”, lista.

Ele exemplifica que a maior parte da cebola está vindo de Minas Gerais e de São Paulo, estados que também sofreram recentemente com as precipitações em excesso, dificultando a colheita e aumentando as perdas dos bulbos.

“Assim como a cebola, a vagem é um cultivo muito produzido em campo aberto na região e que vem sofrendo perda de qualidade, além da dificuldade na colheita em razão das chuvas. Caso a tendência de chuvas excessivas se mantenha, poderá prejudicar o cultivo de alguns frutos, legumes e verduras, principalmente em campo aberto”, conclui.