Cesta básica recua R$ 14 em Londrina, mas preços devem subir em julho
A queda foi de R$ 495,06 para R$ 481,58, uma diferença de 2,7%; economista alerta que frio e alta da energia elétrica farão valor subir no próximo mês
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sexta-feira, 02 de julho de 2021
A queda foi de R$ 495,06 para R$ 481,58, uma diferença de 2,7%; economista alerta que frio e alta da energia elétrica farão valor subir no próximo mês
Vitor Ogawa - Grupo Folha
O levantamento mensal realizado pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) apontou que houve uma pequena redução do preço da cesta básica em Londrina em junho. A queda foi de R$ 495,06 para R$ 481,58, uma diferença de 2,7%. O estudo foi feito mediante levantamento em 11 redes supermercadistas de todas as regiões da cidade.
Mesmo com a queda pontual, nos últimos 12 meses houve aumento de 23,4%. Ao analisar os números apenas deste ano, a cesta básica apresenta redução de 4,6% desde janeiro. Os produtos que lideraram a alta foram o café, com alta de 6,5%, a farinha e o açúcar, ambos com aumento de 5,2%. A redução do preço da cesta básica ocorreu pela queda do preço da batata, uma diferença de 44,5% a menos que a amostra anterior, da banana, uma queda de 19,1% e do óleo, que sofreu redução de 6,5%.
O economista e professor da UTFPR, Marcos Rambalducci, explicou que essa redução foi uma situação muito sazonal em cima das médias descritas anteriormente. “Tivemos seis produtos com elevação de preço e seis produtos com queda de preço e a carne, o 13º produto que compõe a cesta básica nacional manteve-se estável com uma variação de 0,4%, menos de 1% a gente atribui estabilidade nos preços. Mas esses produtos que recuaram, percentualmente registraram queda mais do que aqueles que subiram."
“É por isso que tivemos essa redução de R$ 14 mais ou menos em cima do preço da cesta básica. Mas é importante destacar que isso não é para o mês de julho, quando devemos ter pressões altistas em toda a cadeia produtiva e também no setor de alimentos. Não há a menor dúvida de que devemos fechar o mês de julho com aumento. Esta redução ainda não estava no radar e foi ocasional, mas a tendência é para elevação", projetou.
De acordo com o economista, o custo da energia elétrica vai aumentar os custos de produção, pois ele é um dos insumos para o processo de produção agrícola e para carnes. "Para o setor avícola, por exemplo, em função desse clima mais baixo será preciso colocar um sistema de aquecimento principalmente para os pintainhos. O pasto também está queimado pela geada e vai obrigar o pecuarista a confinar este gado, alimentando com trigo e soja. Ao preço que esses produtos estão é uma situação muito complicada. O leite também deve subir de maneira bastante significativa, pois quanto mais frio, menor a produção de leite."
Ele ressaltou que isso deve diminuir a oferta para o mercado e elevar os preços. "Os hortifrútis também são muito impactados com esse frio intenso, principalmente verduras e leguminosas. A partir de sexta ou de sábado, vamos ver na prateleira um aumento do preço desses produtos. Evidentemente, alguns produtos vão abaixar, mas dificilmente vai haver a compensação, principalmente a carne deve acabar elevando um pouco a inflação da cesta básica", analisou.
Ele reforçou que a situação pode se normalizar a partir de agosto ou setembro. "Caminhamos para um processo que já é mais ou menos tradicional. Nós, que acompanhamos a variação da cesta básica ao longo dos últimos 20 anos, acreditamos que ela deve recuar nos meses de setembro, outubro e novembro. A partir de setembro, devemos ter uma nova oferta de produtos e entrando na safra de vários produtos e isso deve melhorar a oferta e a reduzir os preços", apontou. "Deve ter um pico nesses preços no mês de dezembro e um pouco desse pico será mantido no mês de janeiro", previu.
Rambalducci explicou que há um outro componente mudando a composição de preços, que é a queda da taxa de câmbio, com o real está se valorizando frente ao dólar, mas ainda não afeta este mês e nem o próximo mês. "Isso vai afetar os preços dos produtos de exportação brasileiros, o que torna o mercado interno mais atrativo. Com a queda do dólar, deveremos ter uma oferta maior de produtos, além do que devemos ter uma diminuição da pressão inflacionária com as importações. Mas há um intervalo entre o início da redução do preço do dólar em relação ao real que deve levar dois ou três meses até que a gente possa realmente ver essa manifestação, o que vai coincidir com o mês de setembro", apontou.
O Núcleo de Pesquisas Econômicas da UTFPR também calculou que seria necessário trabalhar 96,1 horas em um mês para comprar uma cesta básica, o que corresponde a 43,7% do salário.