Cenário positivo já derruba juro
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segunda-feira, 27 de março de 2000
Agência Folha
De São Paulo
O mercado financeiro antecipou a redução da taxa básica de juros da economia. No mercado futuro (em que os bancos projetam qual será o patamar dos juros em determinado prazo), a taxa para um ano já está abaixo da atual. Isso significa que as perspectivas para a trajetória dos juros no País são boas, na avaliação do mercado financeiro.
Economistas acreditam que o Banco Central poderá cortar a taxa básica (ou Selic) em 0,25 ponto percentual nos próximos dias e que o Comitê de Política Monetária (Copom) também tem como baixá-la em mais 0,25 em sua reunião do mês que vem.
A taxa básica está em 19% ao ano já há sete meses. Mas no mercado futuro os contratos que simbolizam as projeções dos juros (de swap , ou troca de rentabilidade, dos Certificados de Depósito Interbancário para ativos prefixados, como títulos públicos) eram negociados ontem por volta de 18,10%.
A taxa básica da economia serve de parâmetro para que o comércio e os bancos definam os juros do crediário, dos empréstimos, do leasing etc. Em sua última reunião, na semana passada, o Copom decidiu manter os 19% ao ano, mesma taxa desde setembro do ano passado. Mas anunciou viés de baixa. Isto é, disse que o BC está autorizado a reduzir os juros sem precisar esperar pela próxima decisão do Comitê.
Na opinião dos economistas ouvidos pela reportagem, a taxa não foi reduzida na última reunião porque os membros do Copom preferiram aguardar duas definições importantes no cenário econômico, uma interna e outra externa. A primeira era o aumento do salário mínimo, que ficou dentro da expectativa do BC.
A segunda, a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que deve divulgar hoje se eleva ou não a produção do petróleo (leia na página 4). Se o anúncio for favorável aos países consumidores, acredito que o BC reduzirá os juros em 0,25 ponto antes da reunião do Copom, disse o economista Adalto Lima, do banco Lloyds.
O Copom é um colegiado formado pelo presidente do BC e seus diretores. Entre outras atribuições, estabelece a taxa básica de juros com vistas ao cumprimento da meta de inflação do ano.
Lima acredita que, além de o BC poder reduzir os juros em 0,25 ponto percentual após a decisão da Opep, o Copom tem espaço para confirmar as perspectivas otimistas para o Brasil e baixar mais 0,25 em abril. Ou reduzir em 0,50, de uma só vez, na próxima reunião.
As projeções do juro para um ano ficaram abaixo da taxa básica na semana passada. Vários eventos, como o fortalecimento do real em relação ao dólar e a divulgação de níveis de inflação melhores do que o esperado, contribuíram para essa queda.