Agência Folha
De Brasília
O lucro da Caixa Econômica Federal foi de R$ 394,5 milhões em 99, apenas 2% superior ao de 98. De acordo com o presidente da instituição, Emílio Carazzai, o lucro não foi expressivo porque a CEF teve de aumentar reservas para devedores duvidosos em 42,2%. As reservas foram de R$ 4,3 bilhões em 99 por causa da inadimplência de agentes financeiros que tomaram emprestado do FGTS na época do extinto BNH (Banco Nacional da Habitação). A CEF é considerada uma instituição com ativos de risco elevado de acordo com os padrões do Banco Central.
Segundo Carazzai, existe uma discussão no governo para reduzir o risco definido para os créditos que têm garantia do próprio governo. Esses créditos são 69% do total. O Tesouro Nacional, como controlador da CEF, vai receber R$ 99 milhões do lucro de 99. Esse repasse corresponde a 25% do lucro que a instituição obteve no ano passado e ajuda a melhorar o resultado das contas públicas.
A campanha de quitação antecipada de contratos habitacionais que têm cobertura do FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais) ao final do prazo do financiamento rendeu R$ 1,6 bilhão em 99. Foram quitados 344 mil contratos. A inadimplência da carteira de financiamentos habitacionais anteriores a 96 da CEF está em torno de 30%. Os financiamentos mais recentes também têm uma inadimplência elevada: 10%.
Retomada de imóveis – A Caixa poderá adotar nos seus contratos de financiamento habitacional a retomada imediata dos imóveis dos mutuários inadimplentes até junho. A medida valerá para os novos contratos e deverá ser praticada em todos os empréstimos com recursos da CEF, disse Emílio Carazzai.
A estimativa de contratação de financiamentos habitacionais com recursos da CEF para este ano é de 115 mil, o dobro do que foi contratado em 99. A mudança não afeta os financiamentos já concedidos pela instituição. Para mutuários com renda de até R$ 1.632 mensais, a CEF faz financiamentos com recursos do FGTS. Esses financiamentos também não serão afetados pela retomada imediata. Carazzai explicou que a medida depende apenas de um maior ‘‘entrosamento’’ com o Poder Judiciário.