Menos de quatro anos depois de arrematar os aeroportos do Bloco Sul e Central no leilão realizado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a CCR se prepara para vender suas concessões, incluindo o Aeroporto Governador José Richa, em Londrina.

Segundo informações da agência Bloomberg divulgadas pelo jornal O Globo, a CCR teria contratado bancos para vender as 20 concessões de terminais aeroportuários que detém no Brasil e em países latino-americanos.

A decisão foi tomada, de acordo com a agência, para que a empresa possa canalizar seus investimentos nas rodovias e em serviços de mobilidade. Conforme relatório da CCR referente ao último trimestre de 2024, 74% do Ebtida da empresa vêm das rodovias.

Ao vencer o leilão da Anac, em abril de 2021, a CCR assumiu a administração de nove aeroportos agrupados no Bloco Sul e seis no Bloco Central.



LEIA TAMBÉM

Do Bloco Sul, além do aeroporto de Londrina, fazem parte o Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, Foz do Iguaçu, Bacacheri, na capital paranaense, Navegantes (SC), Joinville (SC), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS).

O Bloco Central é formado pelos terminais de Goiânia (GO), Palmas (TO), Teresina (PI), São Luís (MA), Imperatriz (MA) e Petrolina (PE).

Além desses 15 terminais, a CCR já detinha a concessão do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins (MG), Aeroporto da Pampulha, na capital mineira, Aeroporto Internacional de Quito, no Equador, Aeroporto Internacional Juan Santamaria, na Costa Rica, e Aeroporto Internacional de Curaçao, no Caribe. No total, são 43 milhões de passageiros ao ano.

A concessionária também está presente em nove dos principais aeroportos norte-americanos por meio da empresa TAS (Total Airport Services), prestadora de serviços aeroportuários.

De acordo com a matéria publicada pelo O Globo, a CCR teria contratado quatro bancos para estruturar a venda das concessões dos 20 aeroportos e de fatias em cinco ativos de mobilidade no Brasil. As informações, no entanto, são extraoficiais.

Lazard e Itaú Unibanco seriam os responsáveis pela venda dos aeroportos e o Goldman Sachs e BTG Pactual, pelos ativos de mobilidade, incluindo metrôs e ferrovias.

A expectativa da CCR é fechar a venda da participação nos 20 aeroportos até o final deste ano. Com a estratégia de desinvestimento, o objetivo seria levantar até R$ 10 bilhões nos próximos anos, dentro de um projeto que inclui a reestruturação do portfólio da empresa, o pagamento de dívidas e o aumento dos investimentos em áreas estratégicas. Já haveria empresas interessadas no negócio.

Procurada pelo Grupo FOLHA, a CCR não negou nem confirmou a venda das concessões. Sua assessoria de comunicação limitou-se a encaminhar as 16 páginas da transcrição de uma teleconferência realizada no último dia 7 de fevereiro para apresentação dos resultados do quatro trimestre de 2024. Participaram da teleconferência o CEO do Grupo CCR, Miguel Setas, e o CFO da companhia, Waldo Perez.

Na ocasião, os executivos destacaram o aumento de 9,1% no número de passageiros dos aeroportos nacionais. O destaque foi a BH Airports, que registrou crescimento de 24,3% no último trimestre do ano passado, impulsionado por incentivos e descontos aplicados pelo estado de Minas Gerais sobre o querosene de aviação.

No terminal da Costa Rica, o crescimento foi de 5,8% no período analisado e no terminal caribenho, houve alta de 15,3%. O avanço foi atribuído à consolidação das rotas internacionais, com maior ocupação das aeronaves e maior frequência de voos.

A reportagem apurou, junto à Anac, que o contrato de concessão assinado com a CCR determina que nenhuma operação de troca de ativos pode ser feita sem a expressa anuência do órgão de aviação civil. E, até o momento, não houve qualquer pedido da CCR neste sentido.

O prefeito de Londrina, Tiago Amaral, disse que tentaria convocar uma reunião com a CCR para discutir o assunto.

Recentemente, durante a inauguração das obras de amplicação do aeroporto de Londrina, a CCR Rodovias, que será responsável por administrar as rodovias do Lote 3 da nova concessão rodoviária do Paraná, anunciou que vai instalar sua sede em Londrina.