A CCR Aeroportos, que administra o Aeroporto Governador José Richa, de Londrina, não tem intenção, ao menos a curto e médio prazo, de voltar a alfandegar o Teca (Terminal de Cargas Aéreas). A afirmação é da gerente executiva de Cargas da empresa, Maria Fan, segundo a qual Londrina e região não têm demanda suficiente para manter uma estrutura alfandegária aeroportuária.

No final de fevereiro, atendendo a uma solicitação da própria CCR Aeroportos, a Receita Federal emitiu um Ato Declaratório retirando o status alfandegário do Teca em Londrina. A notícia mobilizou lideranças empresariais da cidade que lamentaram a decisão por entenderem que ter uma alfândega no município seria um meio de alavancar o comércio exterior e fortalecer a economia local.

Fan, no entanto, apresentou números que comprovam a baixa demanda pelos serviços ofertados pelo Teca em Londrina. Ela apurou que de 2015 para 2020, último ano de atividades do Teca, a movimentação de cargas sofreu um recuo significativo, caindo de 1,4 mil toneladas para pouco mais de uma tonelada mensal. No último ano antes da pandemia, em 2019, foram apenas seis toneladas. Ainda conforme o levantamento, nenhuma exportação passou pelo Teca desde 2015. “Nunca houve uma demanda real de carga aérea chegando.”

Não tem demanda”, concluiu. De acordo com a gerente executiva, 90% das transações de importação realizadas por empresas de Londrina são feitas pelo Porto de Paranaguá. “As perspectivas nossas no curto e médio prazo não nos dão nenhuma forma para defender ou reabrir o Teca”, disse Fan, ressaltando no entanto que a decisão “não é irreversível”.

“Falamos com os antigos clientes, pegamos na base de dados da Infraero quem eram os importadores. O maior era uma indústria de couros que não importa mais. Essa empresa era responsável por 50% do volume, mas houve muitos problemas sanitários.”

Além de importadores, a executiva da CCR Aeroportos também ouviu despachantes aduaneiros que não demonstraram interesse em trazer as mercadorias para Londrina, optando por liberá-las em São Paulo para que depois sejam transportadas para o município por via terrestre.

A CCR adiantou que enquanto a demanda pelo terminal alfandegário despencou, há uma demanda crescente de cargas domésticas, reflexo da alta do e-commerce, e a decisão da gestora do Aeroporto de Londrina foi entregar o espaço - que para voltar a funcionar deverá passar por reforma – a uma das três companhias aéreas que operam na cidade. Ela não revelou o nome da empresa. “Gol, Latam e Azul, cada uma delas tem o seu terminal de cargas no aeroporto e quer expandir. Vamos usar o Teca para o desenvolvimento da logística da região, não importa se alfandegário ou não”, destacou Fan.

Em abril, a CCR Aeroportos deverá se reunir com representantes da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina) e empresários locais para discutir a questão do Teca. A reunião acontece a pedido da Codel, mas Fan antecipou que irá apresentar os números que embasaram o pedido de desalfandegamento e explicar que, por enquanto, não há demanda que justifique a manutenção de uma alfândega aeroportuária em Londrina.