A maior parte das categorias profissionais conseguiu repor a inflação acumulada nos 12 meses anteriores às suas datas-base no primeiro semestre deste ano. O levantamento é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio-Econômicos (Dieese), com base no levantamento realizado pelo banco de dados salariais, a partir de informações sobre reajustes coletadas da imprensa e dos acordos de convenções coletivos. De acordo com a instituição, 68% das categorias obtiverem sucesso na primeira metade do ano.
O resultado, segundo o Dieese, é semelhante ao verificado no mesmo período do ano passado, o melhor ano para as negociações desde o início do Plano Real. ''O resultado foi positivo, apesar dos impactos negativos das crises energética e argentina e da desvalorização cambial sobre a economia brasileira'', aponta o comunicado do departamento, divulgado ontem.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) permaneceu como parâmetro para os reajustes, como já vinha ocorrendo nos anos anteriores.
Do total de negociações que fixaram porcentual de reajuste igual ou superior ao INPC, mais de 50% ultrapassou o índice. Destas, 74% apresentaram valor superior em até 2% e o restante 26% obtiveram ganhos reais acima de 2%.
Os primeiros anúncios sobre o racionamento de energia elétrica, em abril, interferiram diretamente no aumento porcentual de categorias que negociaram reajustes salariais inferiores ao INPC. O movimento foi crescente mês a mês, segundo o levantamento. ''Nos dois primeiros meses do ano, todas as negociações salariais resultaram em recomposição integral. Em março, cerca de 10% registraram perdas e, em abril, o porcentual passou para 20%.''
Ainda de acordo com comunicado do Dieese, mais de 40% das categorias registraram perdas em maio e, em junho, o porcentual atingiu mais de metade das negociações analisadas no mês. ''Esse comportamento foi verificado principalmente na indústria. Das negociações salariais realizadas em junho pelo setor, 67% tiveram resultados inferiores ao INPC. Em maio, o porcentual havia sido de 32%.''
A Região Sul foi a que apresentou melhores resultados nas negociações salariais. De acordo com o Dieese, aproximadamente 85,72% das categorias conquistaram reajustes equivalentes, no mínimo, ao INPC.
Na Região Centro-Oeste, 69,09% das negociações resultaram numa elevação dos salários em um porcentual igual ou superior ao INPC e, no Sudeste, 68,69%. As regiões Norte/Nordeste foram as que apresentaram piores desempenhos em suas negociações, com um total de apenas 48%.
O comércio foi o que obteve melhor desempenho das negociações salariais ocorridas no primeiro semestr 94% das negociações do setor recompuseram integralmente os salários. Na sequência, aparecem a indústria, com 68,2%, e o setor de serviços, com 64,3%.
O Dieese ressaltou ainda que, durante o primeiro semestre, o ICV, índice calculado pelo próprio departamento, manteve-se superior ao INPC do IBGE. ''A única exceção foi em junho. A maioria das informações levantadas pelo Dieese (cerca de 66% do total), portanto, quando comparadas a esse índice, revela reajustes salariais inferiores'', afirma o documento.