‘‘Fazer um automóvel na Argentina já é entre 20% e 30% mais caro do que no Brasil’’. O lamento proveio do presidente da Fiat Argentina, Cristiano Rattazzi, que disse que a tarifa de proteção para importar carros brasileiros é de 24,5%, para o caso que não seja compensado com exportações. ‘‘Por esse motivo, chegará um momento em que será mais conveniente pagar uma multa, para poder trazer os automóveis do país vizinho, em vez de fabricá-los aqui’’, afirmou.
O crítico discurso do presidente da filial da Fiat foi realizado durante o lançamento de um novo modelo, o Brava. O nome de Rattazzi é fortemente especulado para ocupar a presidência da Associação de Fabricantes de Automóveis da Argentina (Adefa).
Rattazzi afirmou que as montadoras estão preocupadas, porque a economia do país não está evoluindo da forma desejada: ‘‘Ela vai no caminho contrário da economia do resto do mundo, que está crescendo’’. O presidente da Fiat local disse que era ‘‘irracional’’ manter uma carga tributária de 40% em média sobre carros zero km em um país onde a indústria automotiva está trabalhando muito abaixo de sua capacidade instalada.
Segundo Rattazzi, as montadoras estão ‘‘trabalhando para reduzir os custos’’, mas ‘‘o governo somente eleva as tarifas das autopeças, que continuarão aumentando em vez de diminuir, e forçando-nos a um conteúdo local sem sentido’’.
Esse é o caso do Palio, modelo cuja fabricação a Fiat poderia trasladar para o Brasil. Na fábrica argentina na cidade de Córdoba, seria concentrada a produção do modelo Siena. O presidente da filial da Fiat disse que com o Palio a empresa não alcança os 30% de conteúdo local exigido pelo governo deste país no regime automotivo que ainda está em debate entre o Brasil e a Argentina. ‘‘O Siena preenche esse requisito’’, disse e anunciou que o Duna continuará sendo produzido enquanto o mercado o demandar, mas que ‘‘não é um carro com o qual possamos contar muito tempo. Além disso, tampouco possuímos muitas razões para continuar produzindo o Uno aqui, porque o mercado está no Brasil’’. Rattazzi desmentiu os rumores de que a empresa pensava partir do país.
O diretor-geral da empresa, Vittorio Buffoli declarou que para este ano haviam esperado um mercado geral para as montadoras de ao redor 380 mil unidades mas disse que ‘‘tudo indica que não passará de 320 mil. Em 2001 o mercado continuará em baixa, apenas chegando às 300 mil unidades, longe das 450 mil de 1997’’.
Entre janeiro e setembro, a produção de automóveis da empresa na Argentina caiu 25% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros nove meses do ano 2000, as vendas caíram 35,3% em relação ao mesmo período de 1999.