Imagem ilustrativa da imagem Caminhoneiros protestam na PR-445 contra reajuste dos combustíveis
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapres

Centenas de caminhoneiros e motoristas autônomos que atuam através de aplicativos decidiram protestar contra o reajuste nos preços dos combustíveis, anunciado pelo Governo Federal nesta segunda-feira (1º). A manifestação se concentrou na PR-445, na zona Sul de Londrina, porém não ocasionou o bloqueio da via. Houve lentidão no trânsito ao longo da tarde desta terça-feira, no entroncamento da PR-445 com a BR-369. Conforme apurou a FOLHA com a assessoria da Polícia Rodoviária Federal, o protesto em Londrina teria sido o único em todo o estado. A PRE (Polícia Rodoviária Estadual), que orientou o trânsito, não informou ter registrado ocorrências de desentendimentos entre motoristas.

Após os reajustes de 5% no preço do diesel e de 4% no valor da gasolina, uma "resposta" dos profissionais do transporte já era esperada, especialmente depois de uma tentativa de nova greve nacional da categoria, em fevereiro, mas que não serviu para parar o País.

Para o presidente do Sindicam (Sindicato dos Transportes Rodoviários Autônomos de Bens de Londrina e Região), Carlo Dellrosa, a insatisfação com o preço dos combustíveis é "geral" e deve crescer ainda mais entre os caminhoneiros com o fim do escoamento da safra de grãos. "Estamos agora em plena safra, alguns motoristas estão trabalhando e não estão sentindo. Agora está tendo trabalho, diversos pontos que não tinha frete, agora tem. Das roças, cooperativas, vamos movimentar para o Porto porque tudo isso já está vendido para a China", explicou.

De acordo com ele, os que mais estão sentindo os efeitos dos reajustes, cinco apenas em 2021, são mesmo os os profissionais autônomos. "Está todo mundo indignado. Não tem condições. Em Minas Gerais, está tendo (manifestações) em alguns outros lugares e vamos aguardar. Essa política tem que acabar, acenderam um estopim", comparou.

Questionado, avaliou que a pandemia da Covid-19 não serviu para "desmotivar" mobilizações entre os caminhoneiros. "Ele continua trabalhando, produzindo. Se ele parar, para o País. Tudo depende do frete rodoviário", lamentou.

O motorista londrinense, Lourival Santos, 49, afirmou à reportagem que o movimento dos caminhoneiros autônomos vai aumentar ao longo dos próximos dias. "O que acontece é que o caminhoneiro começa a parar porque ele quer conversar e saber o que está acontecendo, porque ele sabe que o movimento é bom para ele e para o Brasil. Então entope uma faixa lateral e a do meio e eles não vão arriscar a passar. É natural que aconteça uma paralisação dos caminhões", afirmou. Ainda de acordo com ele, outro grupo de motoristas realizou a paralisação na região de Tamarana.

Com novo aumento, o litro do diesel passou a custar R$ 2,71 nas refinarias, R$ 0,13 mais caro. Já o da gasolina, R$ 2,60, R$ 0,12 de reajuste. A composição do preço dos combustíveis, cuja responsabilidade é da Petrobras, leva em consideração a cotação internacional do petróleo e o preço do dólar. No entanto, no caso do diesel e da gasolina, a adição de outros combustíveis à mistura, além de tributos federais, estaduais e municipais, e a margem de lucro das distribuidoras, também são fatores que compõem o valor encontrado na bomba pelos motoristas.

Motoristas de aplicativos

Ao lado dos motoristas do transporte de cargas, os motoristas autônomos que atuam através de aplicativos de caronas pagas também demonstraram grande insatisfação com o reajuste nos preços dos combustíveis, em vigor desde a manhã desta terça-feira (2). Dezenas de profissionais reunidos na PR-445, na região Sul de Londrina, aproveitaram a manifestação para anunciar a data de um novo protesto e que promete ser ainda maior da categoria, no dia 17 de março.

Wellington Alves da Silva Cesar, 41, atua como motorista autônomo há dois anos. Ele contou que resolveu parar o trabalho para aderir ao movimento dos caminhoneiros porque "está cada vez mais difícil sustentar a família", afirmou.

Quem também estacionou no local foi Márcio Duarte, 58. Há quase três anos ganhando a vida como motorista autônomo, avaliou que todos que utilizam carros ou motocicletas deveriam se manifestar contra o aumento nos preços. "É preciso ter uma mudança, do que jeito que está sendo feito não tem como conseguir continuar na profissão. É uma coisa que todo mundo deveria fazer, afeta todo mundo", lamentou.