Imagem ilustrativa da imagem Caminhoneiros encerram mobilização na região de Londrina

A mobilização dos caminhoneiros, iniciada na última terça-feira (7) em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi encerrada na região de Londrina na manhã desta quinta-feira (9). Por volta das 9 horas, os participantes do movimento começaram a deixar os pontos de concentração e uma hora depois, não havia mais registros de bloqueio nas estradas. No dia anterior, Bolsonaro havia encaminhado um áudio aos seus apoiadores pedindo o fim da mobilização para evitar prejuízos à economia do país.

O protesto dos caminhoneiros ganhou corpo na quarta-feira (8). Na Região Norte, foram sete pontos de concentração. Próximo a Londrina, eles se agruparam em dois pontos: na BR-369, em frente ao Parque de Exposições Ney Braga, e na altura do km 87 da PR-445, em Cambé, onde estava a maioria deles. Neste local, a PRE (Polícia Rodoviária Estadual) contabilizou 300 caminhões parados. Os manifestantes permitiam apenas a circulação de motocicletas, veículos de passeio, ônibus e ambulâncias. Caminhões com carga perecível tiveram dificuldade para passar pelo bloqueio.

Apesar das altas sucessivas no preço do diesel, reajustado pela Petrobras sete vezes neste ano e que acumula um aumento de cerca de 40% nas refinarias, na pauta de reivindicação da mobilização dos caminhoneiros não constava a inflação do principal insumo da categoria e que tem o maior impacto nos custos da atividade. Eles replicavam os ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) e pediam a destituição dos 11 ministros da Corte, seguindo a pauta dos protestos liderados por Bolsonaro na última terça-feira.

DISPERSÃO

Segundo a PRE, a companhia estava preparada para abrir a PR-445 nesta quinta-feira, mas a intervenção dos policiais não foi necessária porque houve a dispersão voluntária dos manifestantes. “Por volta das 9 horas, eles começaram a deixar os locais onde estavam e liberar as estradas”, disse o subtenente Adalberto Alves da Silva.

Além da mobilização da PR-445, a PRE informou o encerramento da paralisação na PR-444, em Arapongas; na PR-218, em São Sebastião da Amoreira; na PR-151, em Ribeirão Claro; na PR-466, em Lidianópolis, e na PR-170, em Rolândia. No final da manhã, no entanto, a corporação ainda registrava três pontos com concentração de caminhoneiros: no km 342 da PR-090, em Assaí; e no Km 253 da PR-092, em Wenceslau Braz.

Um caminhão da transportadora do empresário Reginaldo Gonçalves de Souza ficou parado em Cruzeiro do Oeste, a cerca de 20 quilômetros de Umuarama, destino final da viagem. "Não estão deixando os caminhoneiros descarregarem nem carregarem. O motorista teve dificuldade para passar por três bloqueios durante a viagem, mas foi conseguindo passar. Quando chegou em Cruzeiro do Oeste, não conseguiu mais. Ficou parado."

Souza contabilizava os prejuízos com a interrupção da viagem. Além de pagar o dia perdido de trabalho do motorista, teria de arcar com as despesas com alimentação. "É um carro parado o dia todo. E tem o jornal que não vai chegar", contou o empresário, responsável pelo transporte dos exemplares da Folha de Londrina para a Região Oeste.

MENSAGEM

Na quarta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro pediu a aliados que fizessem contato com caminhoneiros alinhados ao governo para liberar as rodovias bloqueadas após os protestos de 7 de setembro. Em uma mensagem de áudio, o presidente disse que a interrupção do trânsito prejudica a economia. Dois ministros do governo confirmaram que Bolsonaro enviou a gravação.

“Fala para os caminhoneiros aí que [eles] são nossos aliados, mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia. Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo mundo, em especial os mais pobres. Então, dá um toque nos caras aí, se for possível, para liberar, tá ok? Para a gente seguir a normalidade”, disse Bolsonaro na mensagem de áudio.

Na gravação, o presidente também pediu que as discussões políticas fossem feitas pelas autoridades em Brasília. “Deixa com a gente em Brasília aqui agora. Não é fácil negociar, conversar por aqui com outras autoridades, não é fácil. Mas a gente vai fazer a nossa parte aqui, vamos fazer a nossa parte aqui, tá ok?”, disse ele.

O temor de aliados do presidente era de que as manifestações de caminhoneiros nas estradas em apoio a Bolsonaro prejudicassem o governo caso os efeitos econômicos da paralisação se espalhassem. Em algumas cidades, motoristas fizeram filas nos postos e houve relatos de falta de combustíveis.

A paralisação aconteceu em trechos de rodovias em ao menos 15 estados. Eles não contaram com o apoio formal de entidades da categoria. O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Londrina, Carlos Roberto Dellarosa, disse à FOLHA, na terça-feira, que o movimento dos caminhoneiros não foi articulado pela entidade nem pela Federação de Caminhoneiros. “Pedir o fechamento do STF não é pauta de caminhoneiro. Eles têm que reivindicar pautas específicas da categoria. Quem está nesses protestos, está por conta própria”, declarou.

BRASIL

No país, caminhoneiros continuam as paralisações em rodovias e fazem bloqueios em ao menos 15 estados. Também houve redução de 10% nas ocorrências de interrupções nas estradas em relação ao dia anterior.

De acordo com o Ministério da Infraestrutura, os caminhoneiros param rodovias em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia, Maranhão, Roraima, Pernambuco e Pará.

Às 8h30, corredores logísticos considerados essenciais para o escoamento de cargas, como a BR-040, em Minas Gerais, BR-116 e BR-040, no Rio de Janeiro, BR-101, no Espírito Santo, BR-376, no Paraná, e BR-153, em Goiás, foram liberados pela Polícia Rodoviária Federal.

A pasta informou ainda que não há mais pontos de interdição de pistas na malha rodoviária federal, salvo protesto pela causa indígena na BR-174, em Roraima.

Em São Paulo, caminhoneiros bloqueiam a Dutra na entrada de São Paulo e a Régis Bittencourt registrou paralisação até as 9h15.(Com Folhapress)