Brasileiros e indianos se unem para ganhos comuns em alta tecnologia

De repente, os indianos. Transitando pelo centro, em rodinhas de conversa nas áreas públicas, comprando os ingredientes do almoço nas gôndolas dos hipermercados, com os tacos achatados rebatendo a bola de cortiça e couro do críquete nos gramados do Zerão.

Desde a chegada da Tata Consultancy Services (TCS), em 2018, a cidade especializada em acolher a diversidade do mundo passou a entender e aprender com as filhas e os filhos do país que acaba de se tornar o mais populoso do planeta ao ultrapassar a China.

O desenvolvimento tecnológico é o motivo desta aproximação de povos aparentemente tão distintos, mas que se mostram cada vez mais dispostos a caminhar juntos.

O intercâmbio econômico entre o B e o I do BRICS promete e a Folha de Londrina dá sua parcela de contribuição para reforçar estes laços com a realização da 18ª edição do Encontros Folha, o primeiro da 10ª temporada – “Relações Brasil e Índia: O Desenvolvimento das Tecnologias de Alta Performance”. O evento está marcado para o pós-feriadão. Começa às 8 horas da quarta-feira (3), no Centro de Convenções do Aurora Shopping. As inscrições podem ser feitas na plataforma Sympla neste link.

O Encontros Folha é um projeto institucional do Grupo Folha de Londrina cuja finalidade é aprofundar o debate sobre questões que envolvem as perspectivas socioeconômicas da sociedade paranaense, com foco em inovação e tecnologia.

“Sabemos a importância da Índia no avanço tecnológico global. É um dos principais países neste campo, com participação significativa no mercado brasileiro e com grande influência em Londrina”, afirma o superintendente do Grupo Folha, Nicolás Mejía. “Para nós é um orgulho - e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade – fomentar o debate sobre este tema. Esperamos com isso contribuir para o desenvolvimento desta relação”.

Quem for ao Aurora Shopping poderá acompanhar a palestra de Jorge Edison Ribeiro, um dos maiores especialistas do país em estruturas de inovação, qualidade de software, gerenciamento de processos e de Tecnologia da Informação (TI).

Ribeiro é pesquisador senior da Fundação Araucária e responsável pela área de cooperação pela Índia. Sua explanação vai abordar um projeto para desenvolver a supercomputação (ou HPC ou ainda computação de alto desempenho) nas universidades públicas do Estado através de uma parceria com o Centre for Development of Advanced Computing (C-Dac), instituição de grande prestígio localizada em Pune, no estado de Maharashtra.

O C-Dac surgiu para dotar o país asiático de tecnologia própria na área de supercomputação, segmento que desenvolve máquinas extremamente potentes em capacidade e velocidade de processamento, essenciais para pesquisas científicas de ponta.

“A Índia tem um programa de Estado muito sólido de desenvolvimento de TI, iniciado três décadas atrás e muito bem executado. Um modelo vitorioso que pode nos ensinar muito”, adianta Ribeiro.

O palestrante faz sua apresentação e depois passa a integrar o segundo ato do evento, que coloca painelistas frente a frente, um grupo cuja missão é destrinchar o tema principal em diferentes frentes de discussão.

“Uma parceria entre Brasil e Índia pode permitir que empresas e instituições brasileiras tenham acesso a conhecimentos, tecnologias e metodologias avançadas”, afirma Alexandre Rossi Paschoal, professor do Departamento de Computação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná em Cornélio Procópio, incumbido de ser o mediador do painel.

“A cooperação pode impulsionar o desenvolvimento de novos produtos e serviços, com alta capacidade de competitividade global, o que pode resultar em ganhos econômicos para ambas as nações”, prevê. “Novas competências tecnológicas vão melhorar a competitividade das nossas indústrias, principalmente as que utilizam de maneira mais intensiva as tecnologias da informação”.

A deputada Luísa Canziani, presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara Federal, também ocupará uma cadeira no painel e fala com grande entusiasmo do projeto de supercomputação que promete alavancar a relação entre os dois países. “Uma das estratégias da Fundação Araucária é tornar o nosso Estado e a nossa região um polo reconhecido de Inteligência Artificial. E, para isso, a intenção é promover uma série de investimentos em computação de alto desempenho”, explica. “Por isso, o projeto prevê que seja instalado pelo menos um computador de alta performance em cada universidade estadual. Por meio dessa rede, conectada, será possível fazer a análise de dados de praticamente todas as áreas: saúde, meteorologia, agricultura, economia”.

A parlamentar lembra que o poder público tem o papel de tornar o ambiente favorável para parcerias internacionais, mirando os impactos socioeconômicos virtuosos que elas podem provocar. “Um dos nossos objetivos é tornar Londrina um polo de educação em HPC, um polo formador de mão de obra nessa área. Acredito que essa parceria com os indianos poderá impulsionar esse cenário”, comenta.

O diretor da unidade Londrina da Tata Consultancy Services (TCS), Francisco Davi Junior, também contribui com o painel falando da experiência de cinco anos da empresa em Londrina e as razões da escolha da cidade para a instalação de um delivery center de grandes dimensões – a empresa já é uma das maiores empregadoras do município com mais de 1,7 mil postos de trabalho.

“A presença da TCS em Londrina mostra que aqui existe mão de obra especializada na região para empresas de tecnologia. Isso atrai o olhar dos investidores”, avalia. “Porque nossa empresa escolheu esta cidade para um projeto tão grande? Justamente pelos recursos humanos qualificados e porque aqui existe um ecossistema muito organizado para a inovação”, elogia o executivo, deixando claro que a região pode sonhar alto quando o assunto é inovação e desenvolvimento tecnológico.

O evento é realizado pelo Grupo Folha de Londrina e Codel, com correalização do Sebrae, patrocínio Cooperativa Integrada e TCS e apoio de Frezarin e Unimed.