No período de 2004 a 2016, o investimento maior do Brasil em rodovias foi equivalente a apenas 0,26% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso foi em 2010. O dado faz parte do estudo Transporte Rodoviário – Desempenho do Setor, Infraestrutura e Investimentos, apresentado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), nesta quinta-feira, 10. Com a crise econômica, o valor caiu ainda mais: 0,10%, em 2015, e 0,14%, em 2016.

"Não é priorizado o investimento em infraestrutura de transporte, mesmo tendo a maior demanda dentre todos os modais, já que a maior parte das cargas e das pessoas se deslocam pelas estradas", observa o diretor executivo da CNT, Bruno Batista. "Engana-se quem considera como um assunto do setor, pois o desdobramento direto disso é no Custo Brasil, que afeta a todos. Estrangulamos sistematicamente o nosso potencial de desenvolvimento econômico", acrescenta.

Além disso, segundo ele, a falta de investimentos por conta de cortes no orçamento federal acarreta em despesas ainda maiores. "Os acidentes registrados nas rodovias federais em 2016 geraram um prejuízo estimado de R$ 10,88 bilhões, superando em mais de R$ 2 bilhões (R$ 8,6 bilhões) os valores investidos no mesmo ano. Deixar de fazer os investimentos necessários é gastar ainda mais com acidentes", constata Batista.

A CNT também compara a densidade da malha rodoviária entre vários países. E o Brasil perde, por exemplo, da Argentina. Em 2016, havia 24,8 km de rodovias a cada mil quilômetros quadrados do território nacional. E, no país vizinho, eram 25 km na mesma comparação. Diante de países desenvolvidos, a diferença assusta. Nos Estados Unidos, são 438,1 km de estradas a cada mil quilômetros quadrados de território. "Uma das conclusões da CNT é a de que o caminho para reverter essa situação é facilitar a entrada de investimentos estrangeiros, oferecendo projetos sólidos e com segurança jurídica, para corrigir o problema crônico da nossa falta de infraestrutura rodoviária", declara. O diretor ressalta ainda que, embora as rodovias tenham melhorado no período analisado, sem investimentos adequados, a malha irá se deteriorar rapidamente.