Agência Estado
De São Paulo
A maior parte dos recursos de investimentos em portfólio neste ano deve ser dirigida para compra de ações. As aplicações em renda fixa, que atraíram muito investimento estrangeiro nos primeiros anos do real, não devem ter grande participação. ‘‘A atratividade da renda fixa para estrangeiros caiu muito’’, diz Jorge Simino, diretor da Unibanco Asset Management. As taxas de juros básicas saíram de 45% no início de 99 para 19% no fim do ano. A alta das taxas de juros nos Estados Unidos e os gastos necessários para proteção contra a variação do dólar no sistema de câmbio flutuante diminuem o diferencial entre os juros externos e internos.
A possibilidade de ganhos melhores está nas bolsas de valores, que devem ser beneficiadas pelo crescimento econômico e melhores lucros das empresas. A maior parte dos estimados US$ 3 bilhões deve ir para as ações. ‘‘A redução da percepção de risco pode aumentar a participação do Brasil nas carteiras recomendadas aos fundos exclusivos para aplicação em países emergentes’’, diz Marcelo Allain, do InterAmerican Express.
Essa mudança é nítida nas captações externas mais recentes feitas por empresas brasileiras. O Bradesco vendeu títulos na quinta-feira pagando um juro adicional sobre os títulos do Tesouro americano de 2,7 pontos porcentuais, o menor desde a crise asiática.
A possível melhora da nota atribuída ao Brasil pelas empresas de classificação de risco também pode ajudar a atrair mais dinheiro, porque muitos fundos americanos, por exemplo, têm restrições de aplicação de recursos de acordo com a nota atribuída ao País.
Outro fator de estímulo é a desburocratização dos investimentos. Com a extinção de classificações obrigatórias para investimentos externos (anexos), fica mais fácil trocar de aplicação no Brasil. Se achar que a bolsa pode cair, o investidor migra para renda fixa.
Acredita-se que a abertura de capital de empresas ligadas à Internet no Brasil possa provocar grande interesse de fundos de investimento estrangeiros. O economista Roberto Padovani, da Tendências, faz uma ressalva: a grande transferência de liquidez das bolsas brasileiras para a negociação de American Depositary Receipts (ADR, recibos de ações brasileiras negociadas em Nova York) pode evitar um crescimento expressivo dos investimentos de portfólio no Brasil.