Embora com ganho modesto na sessão, o Ibovespa avançou em direção à nova máxima de fechamento nesta sexta-feira, 13, pelo segundo dia, apesar de forte ajuste negativo nas ações da Petrobras, que têm peso de 12% na composição do índice de referência da B3. Após idas e vindas que caracterizam a retórica e o processo negociador entre EUA e China, a sinalização de que enfim há entendimento sobre a fase 1 do acordo comercial contribuiu para estabilizar a Bolsa, aqui como no exterior. O Ibovespa fechou o dia em alta de 0,33%, a 112.564,86 pontos, enquanto os índices de NY ficaram entre a estabilidade e ganho de 0,20%, no Nasdaq.

Na semana, o principal índice da B3 acumulou ganho de 1,30%, avançando agora 4,00% no mês e 28,08% no ano. O volume financeiro desta sessão foi elevado, de R$ 25,8 bilhões, com a aproximação do vencimento de opções sobre ações e o Ibovespa, na próxima semana, e muita atividade nos papéis da Petrobras, especialmente nas ações preferenciais, mais líquidas que as ordinárias. Nesta sexta-feira, as ações da petrolífera tiveram papel importante na contenção do Ibovespa, com a ordinária em queda de 4,69% e a preferencial de 3,20% no fechamento.

"A ação da Petrobras ficou bem para trás hoje com a indicação de venda de participação do BNDES, que causará sobreoferta no curto prazo", aponta João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos. Destaque também para a recuperação da ação da ViaVarejo, em alta de 8,70%, após ter saído de forte ganho para tombo de 3% na sessão anterior.

No quadro mais amplo, o balanço do dia ocorreu, mais uma vez, ao sabor do Twitter do presidente dos EUA, Donald Trump. Pela manhã, ele deixou os mercados no vermelho ao dizer que reportagem do The Wall Street Journal estava "errada" quanto a um acordo com a China, cuja fase 1 acabou sendo confirmada, mais tarde, em entrevista coletiva de autoridades chinesas - contribuindo assim para melhorar o sentimento entre os investidores. Mais tarde, Trump voltou a fazer comentários que deixaram em aberto o que será feito a seguir, em relação à próxima fase das negociações.

"De uma declaração para outra, houve certa melhora da confiança, mas não o suficiente para assegurar fôlego extra para os mercados, que acabaram por ficar perto da estabilidade", diz Freitas. "Evitou-se o pior, a imposição de novas tarifas à China (no dia 15), mas não se revogou o que já havia sido imposto", frustrando de certa forma a expectativa que se tinha por algo mais abrangente, aponta a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour.

Por aqui, na próxima semana a atenção estará voltada para novas leituras sobre a confiança - do consumidor, da indústria e da construção - que, se vierem fortes, podem ser o arremate na costura de percepção mais favorável sobre a perspectiva da economia brasileira para o próximo ano. Foco também na ata do Copom, especialmente após o comunicado sobre a decisão da última quarta-feira ter deixado a "porta aberta" quanto a novas atuações do BC sobre os juros, em momento no qual a autoridade monetária reduziu suas projeções de inflação. "É preciso explicar melhor isso", diz Solange.