São Paulo - A Bolsa brasileira operava em queda no início da tarde desta quinta-feira (27) pressionada por ações da Vale e da Petrobras. Um movimento de realização de lucros após altas recentes também puxam o desempenho do Ibovespa.

O dólar também registra baixa e chegou a ser negociado a R$ 4,709 na mínima do dia, com investidores ainda otimistas após a decisão da Fitch de elevar a nota de crédito soberano do Brasil para BB e repercutindo a nova alta de juros nos Estados Unidos realizada na quarta (26).

Às 13h, o Ibovespa caía 1,04%, aos 121.281 pontos, enquanto o dólar recuava 0,25%, a R$ 4,716.

Para o analista Marco Monteiro, da CM Capital, a queda do Ibovespa nesta quinta é um movimento natural após as fortes altas recentes.
"É mais a correção de mercado, realização de lucros", disse ele, observando que os últimos meses do Ibovespa vêm sendo positivos. Só em junho, o índice teve avanço de 9% e, neste mês, acumula ganhos de cerca de 2,5%.

De acordo com Monteiro, essa correção é "saudável", já que abre espaço para investidores tomarem posição em alguns papéis que subiram recentemente.

Nesta semana, o índice alcançou seu maior patamar desde agosto de 2021, impulsionado principalmente por empresas de commodities, como a Vale, diante de promessa de estímulo econômico na China, e ao fortalecimento da perspectiva de corte de 0,5 ponto percentual na Selic na semana que vem.

A Vale, aliás, registrava queda de 1,85% nesta tarde em dia de declínio do minério de ferro no exterior, sendo um dos principais pontos de pressão do Ibovespa na sessão. A Petrobras, que tinha baixas de 2,22% nas ações preferenciais e de 2,95% nas ordinárias, também puxava o índice para baixo.

Na ponta positiva, os papéis do Assaí tinham forte alta de 7,53% e eram os únicos com ganhos entre os mais negociados da sessão. A empresa divulgou na quarta seu balanço financeiro do segundo trimestre, que apontou alta de 20,3% na receita líquida, mas queda de 51,1% no lucro.

Nos mercados de juros futuros, as curvas para 2024 apresentavam estabilidade, enquanto as mais longas tinham alta após fortes quedas recentes. Os contratos para janeiro de 2025 iam de 10,57% para 10,61%, enquanto os para 2026 subiam de 10,04% para 10,08%.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários operavam em alta após a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) de elevar as taxas de juros do país em 0,25 ponto percentual, em linha com as expectativas do mercado.

Além disso, dados divulgados nesta manhã mostraram um crescimento da economia norte-americana no segundo trimestre em ritmo mais rápido do que o esperado.

Nesse cenário, o S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq subiam 0,53%, 0,10% e 1,01%, respectivamente.

A decisão do Fed Também colaborava para a baixa do dólar nesta quinta, já que a maioria do mercado acredita que o ciclo de aperto de juros nos Estados Unidos já acabou. Isso torna a perspectiva de retorno de investimentos em renda fixa denominados em dólar menos atraente, o que pode levar a um redirecionamento de dinheiro para praças mais rentáveis, como os mercados emergentes.

Além disso, a performance do real sobre o dólar tem sido apoiada pelo otimismo de investidores com a economia brasileira. Com isso, mesmo após a alta de juros nos EUA, que tende a beneficiar a moeda americana, a divisa ainda registrava queda no Brasil.
No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, subia 0,81%.

HADDAD

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (8) que existe uma "coleção de fatores" para que o BC reduza a taxa básica de juros.


Declaração ocorre às vésperas da reunião do Copom. Na próxima quarta-feira (2), o BC anunciará a sua decisão sobre a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, em meio à pressão do governo e crescentes apostas de corte de até 0,5 ponto percentual na Selic.


A expectativa também se dá após a Fitch elevar a nota de crédito do Brasil. Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (26), a agência de riscos subiu a nota do país de BB- para BB, e classificou o desempenho como tendo "perspectiva estável".


Com essa elevação, a nota atual do Brasil está agora dois degraus abaixo do chamado grau de investimento, uma espécie de selo de país bom pagador. O Brasil perdeu esse status na agência em 2015.


Para a agência, o Brasil conquistou progressos em reformas importantes. "A posição fiscal está se deteriorando em 2023 após uma melhora anterior, mas a Fitch espera que novas regras fiscais e medidas tributárias ancorem uma consolidação gradual", diz o comunicado da Fitch.


Haddad afirmou que a sinalização da agência mostra que o país "tem tudo para ganhar esse jogo". "Fico muito feliz por, em seis meses de trabalho, a gente conseguir sinalizar para o mundo que o Brasil é um país de oportunidades", disse o ministro nesta quarta, após o anúncio da elevação da nota.