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MERCADO-FINANCEIRO: 5m de leitura

Bolsa afunda mais à espera de juros agressivos contra inflação

Mercado aguarda com expectativa decisão nesta quarta do Federal Reserve sobre aumento de juros nos Estados Unidos

ATUALIZAÇÃO
14 de junho de 2022

Folhapress
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Imagem ilustrativa da imagem Bolsa afunda mais à espera de juros agressivos contra inflação

São Paulo - O mercado financeiro titubeava nesta terça-feira (14) em sua tentativa de se recuperar do tombo da véspera, quando a sensação de que uma inflação mundial descontrolada levará a uma alta global de juros acima do que já era esperado pelo mercado.

Às 11h54, o dólar comercial recuava 0,03%, cotado a R$ 5,1150 na venda. A Bolsa de Valores brasileira caminhava para a sua oitava queda consecutiva, com o índice de referência Ibovespa perdendo 0,52%, a 102.056 pontos.

Na Bolsa de Nova York, o indicador de referência S&P 500 cedia 0,23%, após ter mergulhado 3,88% na sessão anterior. O Dow Jones, que acompanha empresas de grande valor, recuava 0,10%. O Nasdaq, índice focado em companhias médias do setor de tecnologia, subia 0,23%.

O mergulho de aproximadamente 9,5% do mercado de ações doméstico desde a última alta, em 2 de junho, tem forte relação com o cenário internacional, embora o governo brasileiro também tenha reforçado a percepção de investidores quanto ao risco fiscal ao colocar em pauta uma proposta de desoneração dos combustíveis.

O estresse toma conta do mercado financeiro mundial desde a última sexta-feira (10), quando dados da inflação americana vieram acima do esperado, reforçando o sentimento de que autoridades monetárias em todo o mundo terão de acelerar ainda mais suas respectivas taxas de juros.

Essa situação tende a valorizar moedas fortes, sobretudo o dólar, e tirar investimentos de ações de empresas negociadas nas Bolsas.

Nesta quarta-feira (15), o Fomc (comitê de política monetária) do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) concluirá sua reunião de dois dias e informará a sua decisão sobre o ritmo de aumento dos juros no país.

Analistas do mercado de Nova York apostam amplamente em uma elevação de 0,75 ponto percentual, segundo a agência Reuters. Se confirmada, essa será a maior elevação da taxa em uma reunião do Fed desde 1994.

Na mesma data, o Copom, comitê responsável por formular a política monetária do Banco Central do Brasil, também apresentará sua decisão sobre a taxa básica de juros do país, a Selic. O aumento no custo do crédito nos Estados Unidos tende a afetar a taxa brasileira.

O aperto monetário —o que significa tornar o crédito mais caro para, assim, esfriar o consumo e desacelerar a inflação— nos Estados Unidos também aumenta o rendimento dos títulos do Tesouro americano, considerado o investimento mais seguro do planeta.

Isso leva investidores a diminuírem suas aplicações em mercados mais arriscados, como as Bolsas de Valores. É um momento em que o mercado quer tirar proveito da renda fixa mais atrativa nos EUA.

Esse aumento do fluxo de dólares em direção aos títulos soberanos nos Estados Unidos torna a moeda mais escassa e cara, provocando uma reação em cadeia no mundo dos negócios.

Em países de economia emergente, como o Brasil, a alta do dólar eleva custos de importação e faz disparar a inflação.

Bancos Centrais são forçados a elevar juros para convencer investidores de que o retorno oferecido por seus títulos soberanos compensa o risco que eles correm ao não levarem seus dólares para os EUA.

No mercado de juros futuros brasileiro, entre sexta e segunda-feira, a taxa DI (Depósitos Interbancários) com vencimento em janeiro de 2023 pulou de 13,37% para aproximadamente 13,54% ao ano.

O índice é negociado apenas entre bancos, mas reflete a expectativa do setor para os rumos da Selic, além de servir de referência para o setor de crédito.

O principal problema desse movimento é a falta de liquidez no mercado, uma vez que investidores passam a ter a chance de obter ganhos confortáveis com juros altos pagos pela renda fixa em todo o mundo. O dinheiro que sai das Bolsas faz falta para as empresas, pois elas perdem capital com a queda das suas ações e deixam de crescer e gerar empregos.

Mas a crise atual é ainda mais difícil de se enfrentar porque o aperto ao crédito não é o único remédio capaz de frear a inflação. Ainda como consequência das paralisações de atividades provocadas pela pandemia de Covid, o mundo enfrenta a falta de bens e insumos.

A alta de preços, portanto, precisaria também ser combatida com o aumento da oferta. Mas há ao menos dois grandes impedimentos para a normalização da comercialização global de mercadorias.

Em primeiro lugar, a China, que concentra boa parte da produção de bens industrializados do mundo, mantém severas restrições ao funcionamento de empresas para tentar conter as infecções pelo coronavírus.

Leia mais: https://www.folhadelondrina.com.br/economia/abrava-chama-reducao-do-icms-de-medida-tabajara-e-ameaca-greve-de-caminhoneiros-3206870e.html

Além disso, a guerra na Ucrânia reduziu a oferta de petróleo e fez o preço da matéria-prima disparar, uma vez que a produção russa foi banida dos Estados Unidos e de parte da Europa. Também devido ao conflito, a produção de grãos da Ucrânia enfrenta obstáculos para ser escoada, colaborando com o aumento global dos preços dos alimentos.

Além das Bolsas, outros investimentos considerados arriscados sofrem perdas quando há no mercado a percepção de um ambiente menos favorável para a chamada renda variável.

Nesta segunda, o bitcoin caiu ao menor nível em 18 meses, fechando o dia na casa dos US$ 23,5 mil ( cerca de R$ 117 mil). Nesta terça, a criptomoeda era negociada abaixo dos US$ 23 mil.

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