RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) liberou o acesso de grandes empresas à linha emergencial de crédito garantida pelo Tesouro, que até esta terça (6) era permitido apenas a companhias com faturamento anual até R$ 300 milhões.

A linha, chamada PEAC (Programa Emergencial de Acesso ao Crédito), já liberou R$ 60 bilhões. Recebeu críticas no início da crise pelas dificuldades impostas pelos bancos parceiros do BNDES diante da elevação do risco de calotes.

Em junho, o governo liberou o uso de recursos do Tesouro para garantir os contratos. A meta é liberar até R$ 20 bilhões como garantia, o que permitiria a concessão de até R$ 100 bilhões em empréstimos. A linha era destinada apenas a pequenas e médias empresas.

As empresas de grande porte terão direito a acessar 10% dos recursos aportados pela Tesouro no programa, ou R$ 2 bilhões. O banco espera, com isso, possibilitar a concessão de até R$ 10 bilhões em financiamento, já que cada R$ 1 posto pelo governo pode alavancar outros R$ 5.

Os empréstimos serão limitados a empresas de setores incluídos em portaria da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Fazenda que define os setores mais afetados pela pandemia do coronavírus.

Entre eles, estão as indústrias automotiva, têxtil, calçadista e de borracha e materiais plásticos e serviços como saúde, educação, telecomunicações e transporte aéreo. A portaria foi editada em setembro, para "orientar as agências brasileiras oficiais de fomento".

O BNDES informou que o PEAC atingiu R$ 60 bilhões em empréstimos concedidos na segunda (5), com um tíquete médio de R$ 659 mil por contrato. "Os recursos beneficiaram mais de 80 mil pequenas e médias empresas que empregam mais de 3,6 milhões de pessoas", disse o banco.

Até esta terça, diz o banco, foram usados R$ 13,2 bilhões dos recursos liberados pelo Tesouro para garantir os empréstimos, volume equivalente a cerca de dois terços do total autorizado.

A princípio, o banco pretendia negociar pacotes específicos de crédito com grandes empresas, privilegiando setores que tiveram grandes perdas, como a indústria automotiva e as companhias aéreas e usando instrumentos de mercado, como financiamentos lastreados em ações.

Até agora, porém, não foi fechado nenhum financiamento nesse modelo. As montadoras questionaram as exigências do banco e preferiram buscar soluções com bancos privados. As companhias aéreas Gol e Azul já receberam propostas do banco, mas as negociações ainda não foram concluídas.

O único setor em que grandes empresas receberam aportes do banco foi o setor de energia, que tomou empréstimo de R$ 14,8 bilhões para adiar reajustes nas contas de luz.