O bom atendimento também passa por garantir o estoque para as promoções anunciadas - senão o consumidor pode se sentir enganado
O bom atendimento também passa por garantir o estoque para as promoções anunciadas - senão o consumidor pode se sentir enganado | Foto: Anderson Coelho


As promoções da Black Friday, que neste ano cai no dia 23 de novembro, começaram mais cedo. Em uma navegada rápida pelos e-commerce já é possível encontrar liquidações pré-black friday e as lojas físicas também devem entrar na roda.

Os comerciantes aumentaram o tempo das ofertas para atrair mais clientes, amenizar o gargalo logístico criado pela concentração de vendas, e pulverizar os ganhos ao longo do mês. A estimativa do varejo de Londrina é de um crescimento nas vendas em torno de 7%.
A projeção é baseada no bom desempenho do Dia das Crianças. "Estamos otimistas. Para o Dia das Crianças projetávamos 5%, mas a média, ficou em 7%, o que foi uma surpresa. Para novembro acreditamos em acréscimo não inferior de 7%", afirmou Ovhanes Gava, presidente do Sincoval (Sindicato do Comércio Varejista de Londrina).

Os consumidores estão pesquisando preços e avaliando os produtos em preparação para a data. "Este ano, a Black Friday antecipou em uma semana, mas o comércio já está fazendo uma pré-black friday para atender o consumidor", disse Gava.

A rede Móveis Brasília deve iniciar as ofertas no começo de novembro e intensificar no dia 23 de novembro. "No Brasil, o dia 23 não é uma data muito boa. Então, vamos começar as ofertas no começo do mês que tem salário", explicou Fernando Maurício de Moraes, diretor da rede.

A empresa vai apostar na promoção de televisores, principalmente pela antecipação do desligamento do sinal analógico no Paraná e Santa Catarina. "A venda de TVs será o foco, mas devemos ter vários produtos em oferta. Estamos negociando com a indústria para definir os percentuais de descontos", comentou Moraes. Segundo ele, a indústria está facilitando as negociações com o varejo.

O e-commerce GrandeEletro também deve antecipar as ofertas em novembro, de olho na pulverização das vendas. De acordo com o gerente de operações da loja on-line, Carlos Alba, os primeiros 15 dias de novembro costumam ser de poucas vendas, pois os consumidores fica no aguardo das promoções da Black Friday.

"A venda fica represada e para quem está no dia a dia é muito ruim. Nos últimos dois anos, parte do varejo decidiu antecipar as ofertas e garantindo ao consumidor que aquele produto não estará mais barato no dia da Black Friday", explicou Alba.

O site deve colocar alguns itens em promoção, com descontos de até 25%. "O varejo eletrônico só consegue esse valor menor na ponta porque trabalha com margens diferenciadas. As margens de lucro são de menos de 30% e você só consegue praticar descontos de itens que são negociados com a indústria. E esse relacionamento começa em janeiro e se fortalece em abril ou maio", comentou o gerente.

A rede Muffato realiza este ano a Black November para os clientes do e-commerce (bens duráveis) e delivery. Os produtos em oferta estarão identificados com o selo da campanha e espalhados por todos os setores dos sites. A proposta da rede de supermercado é dar mais tempo aos consumidores para aproveitar os descontos e antecipar as compras de Natal. Nas lojas físicas, as promoções serão apenas no dia 23.

PLANEJAMENTO
Para fazer ações durante todo o mês de novembro, as empresas têm que se planejar com antecedência. O tipo de promoção varia com a estratégia do empreendedor. Se o objetivo é atrair novos clientes, vale investir em descontos agressivos, para a chamar a atenção, aliados a bom atendimento.

"Não adianta fazer uma ação que conquista 10 mil clientes e atendê-los de forma ruim, porque essas pessoas não vão mais comprar na loja", disse Felipe Rodrigues, diretor da Enviou, que desenvolve ferramentas para e-commerces.

O bom atendimento também passa por garantir o estoque para as promoções anunciadas - senão o consumidor pode se sentir enganado. Em lojas virtuais, é importante ter uma plataforma que suporte o aumento de visitantes. Outro problema é o prazo de entrega, difícil de prever quando há pico na demanda. Nesse caso, é melhor aumentar a data prevista em alguns dias do que atrasar o prazo.

Também é importante ter uma política clara de trocas, para evitar queixas no pós-venda, e pessoas de plantão para atender reclamações.
Divulgar que a loja vai participar da Black Friday é essencial e deve ser feito com algumas semanas de antecedência, mas sem criar uma expectativa de desconto que não vai se realizar. Se vender a ideia de megaliquidação e depois reduzir os preços em 5%, os clientes ficarão insatisfeitos.

MARGEM DE LUCRO
Para não cair nesse problema é preciso planejar os descontos e saber a margem de lucro de cada produto. Mesmo na Black Friday, vender bem não é igual a vender muito. Na conta do lucro entram também as taxas dos cartões, embalagens, impostos e todas as despesas da loja, como explica Cassia Godinho, consultora do Sebrae.

"Às vezes, se der 30% de desconto, você precisa vender quatro vezes mais para ter o mesmo lucro", afirmou Ricardo Ramos, diretor da Precifica, que desenvolve sistemas de preços para lojas. "O fator psicológico é forte. Se não está vendendo o esperado, a pessoa vê o mercado diminuindo o preço e abaixa também, sem saber o impacto que isso terá no caixa depois."

A concorrência com os grandes varejistas é sempre um desafio para os pequenos empreendedores. A disputa fica ainda mais difícil na Black Friday, quando empresas que comercializam produtos próprios e de lojistas parceiros fazem promoções agressivas e muito marketing. Nesse caso, uma estratégia é juntar-se a elas. Além disso, tem mais chances de se sair bem quem não tenta enganar os clientes, que estão mais atentos a fraudes a cada ano de promoções.

O Sincoval orienta os comerciantes sobre a atenção com a precificação. As promoções têm que ser claras e transparentes, dentro das normas do Procon, para evitar a desconfiança do consumidor. (Com Folhapress)