BC aumenta projeção de alta no PIB deste ano de 2,3% para 3,2%
Mudança vem em linha com a expectativa do mercado. Segundo a pesquisa Focus, a expansão da economia deve ser de 3% em 2024
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quinta-feira, 26 de setembro de 2024
Mudança vem em linha com a expectativa do mercado. Segundo a pesquisa Focus, a expansão da economia deve ser de 3% em 2024
Júlia Moura - Folhapress
São Paulo - Em seu relatório de relatório de inflação trimestral, divulgado nesta quinta-feira (26), o Banco Central melhorou sua projeção de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil neste ano, de 2,3% para 3,2%. A mudança vem em linha com a expectativa do mercado. Segundo a pesquisa Focus, a expansão da economia deve ser de 3% em 2024.
"A revisão da projeção de crescimento anual em 2024 foi fortemente influenciada pela surpresa positiva no resultado do PIB do segundo trimestre", diz a autoridade no relatório.
Segundo o BC, haverá uma redução no ritmo de crescimento no segundo semestre de 2024 e ao longo de 2025, dada a expectativa de menor impulso fiscal, alta de juros, a ociosidade dos fatores de produção, e a ausência de forte impulso externo. Assim, para o próximo ano, a projeção inicial do BC é de crescimento de 2% do PIB.
A expectativa de inflação para este ano também subiu. De 3,96%, no último relatório, ela foi para 4,31% -abaixo dos 4,37% esperados pelo Focus. O BC cita como fatores por trás da alta a possível restrição de oferta de produtos devido ao clima seco e o encarecimento de preços de bens industriais, influenciados pelo avanço dos preços ao produtor, pela depreciação cambial e pelo aumento do imposto sobre o cigarro.
"Além disso, a seca em várias regiões do Brasil afeta as culturas permanentes e semipermanentes e pode atrasar o plantio da safra de verão, comprometendo o cultivo da safra de inverno no período ideal", diz o BC.
"As chuvas abaixo do padrão e as temperaturas mais elevadas têm elevado a probabilidade de bandeiras mais restritivas até o final do ano. No curto prazo, permanece também a indefinição quanto à aplicação do Bônus de Itaipu", aponta o relatório.
O cenário de referência considera a bandeira vermelha patamar 2 na cota de luz em outubro, vermelha patamar 1 em novembro e amarela em dezembro de 2024. Para 2025, a previsão é de bandeira verde entre os meses de janeiro e julho e bandeira amarela entre agosto e dezembro.
Para a gasolina, o BC espera moderação nos preços, dada a queda no petróleo. Já para os preços de serviços, a aceleração deve vir com os aumentos sazonais em passagens aéreas, pontua a autoridade.
A estimativa para as transações correntes de 2024 também melhorou, com redução em importações, de um saldo negativo de US$ 53 bilhões, previstos no relatório de junho, para US$ 51 bilhões negativos. "Porém, isso decorre da reclassificação das operações com criptoativos, da balança comercial para a conta capital", pontua o BC.
Já a perspectiva para os investimentos diretos no país neste ano foi para US$ 70 bilhões, ante US$ 65 bilhões, com a recuperação nos fluxos de participação no capital, e, principalmente, entradas em operações intercompanhia.
"Para os investimentos em carteira, a nova projeção mantém perspectiva anterior de entrada líquida para títulos, que tem se materializado nos dados, e incorpora perspectiva mais favorável para o componente de ações", diz o BC.
A projeção de crescimento do crédito em 2024 teve pouca alteração, de 10,8% para 11,1%. Para 2025, a projeção é de crescimento de 10,3%, o que, segundo o BC, significa uma expansão similar à deste ano em termos reais, ou seja, considerando a inflação.
"O mercado de crédito continuou mostrando dinamismo, com expansão das concessões do crédito livre e estabilidade da inadimplência. Esse desempenho se deu em cenário de flexibilização da política monetária
até meados do segundo trimestre, forte crescimento econômico, mercado de trabalho aquecido e recuperação da renda das famílias", diz relatório do BC, que também cita as captações recordes do mercado de capitais, com cenário macroeconômico favorável.
"No entanto, níveis de endividamento e comprometimento de renda das famílias ainda elevados e as mudanças no mercado de juros, com a inflexão da taxa básica e o aumento nos juros futuros, podem alterar essa tendência nos próximos meses", completa a autoridade monetária.