O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu ontem encaminhar ao presidente Fernando Henrique Cardoso uma proposta para que seja baixado decreto permitindo a participação estrangeira no capital social do Banco do Estado do Paraná (Banestado), que está em vias de ser privatizado. O diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do BC, Sérgio Darcy, explicou que pela proposta os estrangeiros podem adquirir até 100% do capital do banco paranaense.
A decisão do CMN foi bem recebida pelo Governo do Estado. Para o secretário da Fazenda, Giovani Gionédis, a medida pode elevar o ágio que vem sendo esperado na venda do banco. ‘‘Quanto mais instituições interessadas tiverem, aumenta a possibilidade de ocorrer uma boa venda para o Banestado’’, afirmou.
Gionédis disse que a participação de bancos estrangeiros no processo de venda dos bancos estaduais foi um pedido do governo federal e a situação foi formalizada pelo CMN. Inclusive a abertura para a participação de bancos internacionais já estava prevista nos editais de pré-qualificação do Banestado, divulgados anteontem.
Para o secretário, somente a participação das instituições nacionais limitaria muito o leque de interessados na compra dos bancos estaduais. Se houvesse a proibição, o Banco de Boston, o Santander e outros que já operam no país não poderiam comprar o Banestado. Gionédis disse que nenhum banco estrangeiro entrou em contato com o governo paranaense para formalizar a intenção de compra, mas ele disse que o banco se tornou muito atraente para essas instituições após o processo de saneamento.
Segundo Gionédis, o processo de saneamento do banco foi totalmente transparente e hoje o Banestado se situa numa das melhores instituições no ranking do sistema financeiro. Ele lembrou que o banco possui um ativo de R$ 6,4 bilhões, depósitos em poupança no valor de R$ 1,3 bilhão e R$ 257 milhões em depósitos à vista. São 552.008 contas correntes e 855.113 de poupança. O banco tem 377 agências espalhadas no País, das quais 346 estão no Paraná, sendo 35 em Curitiba.
Os editais de pré-qualificação foram divulgados na terça-feira e agora as instituições interessadas terão 30 dias para formalizarem a intenção de compra junto ao Banco Central. A listagem com os bancos considerados aptos a participar do processo de privatização será divulgada até o dia 24 de julho. A privatização está prevista para setembro, mas o presidente do Banestado, Reinhold Stephanes admite que ela pode não ocorrer no prazo previsto em função do atraso que está ocorrendo na venda do Banespa, em São Paulo. Stephanes defende a venda do Banestado, após a venda do banco estatal paulista para que o banco paranaense seja mais valorizado pelo mercado.