Patrícia Zanin
De Londrina
O privatização do Banestado pode render até R$ 600 milhões, o dobro de seu patrimônio líquido, que passa de R$ 300 milhões. A estimativa foi feita ontem à Folha, em Londrina, pelo presidente da instituição, Reinhold Stephanes, que visitou a Redação. O leilão de privatização do Banestado deve ser realizado em outubro ou novembro. A expectativa de Stephanes é de que a venda varie de R$ 400 milhões a R$ 600 milhões. ‘‘Ou ir um pouco além porque é difícil estabelecer isso nesse momento. É apenas uma idéia desse valor’’, informou, ao tomar o cuidado de dizer que está em andamento o cronograma de privatização estipulado pelo consórcio liderado pelo Banco Fator, que cuida do processo de modelagem para levar adiante o leilão.
O balanço da instituição, um dos mais importantes indicativos para a privatização, seria divulgado no próximo dia 28, mas foi adiado para o início do mês que vem. Segundo Stephanes, problemas ‘‘de última hora’’ vão impedir sua publicação na data prevista. ‘‘Existem questões conceituais que estão sendo discutidas’’, explicou, citando, por exemplo, uma provisão para o Fundo de Pensão dos Funcionários. ‘‘É uma discussão técnica de como isso vai entrar no balanço’’.
Mas o presidente do Banestado voltou a garantir que os números serão positivos e irão comprovar o saneamento obtido com a injeção de R$ 4,5 bilhões por parte do governo federal. A última parcela do repasse para a reestruturação do banco foi liberada no mês passado. ‘‘Podemos adiantar que o patrimônio líquido da instituição passa dos R$ 300 milhões’’, informou.
Ele disse que a reestruturação e o consequente saneamento pelo qual passaram a instituição já estão dando condições para o banco competir no mercado. ‘‘Hoje ele está preparado para agir como um banco privado’’, assegurou. De acordo com Stephanes, ainda falta, porém, concluir ajustes nas empresas do conglomerado Banestado como a Gralha Azul, a Paraná Seguro e a Banestado Leasing. Não está definido se as empresas do grupo vão entrar no leilão junto com o banco. ‘‘A Gralha Azul é possível que entre e a reflorestadora já passamos para o Estado, que definirá se quer vender e como fazê-lo’’.
A privatização do Banestado suscita interesse dos bancos Itaú, Bradesco, Unibanco e agora do Santander, que comprou o grupo Meridional. A publicação de uma radiografia completa da instituição está em andamento e incluirá, para referência no leilão, respostas sobre cerca de 800 quesitos. Segundo Stephanes, haverá informações sobre pessoal, carteira de ações e pendências jurídicas. ‘‘É uma radiografia completa e profunda’’. O levantamento também incluirá a inadimplência que, segundo o presidente, é de R$ 2 bilhões entre pequenos e grandes clientes. A maioria da cobrança está sendo feita na Justiça.
O dinheiro obtido com a privatização do Banestado irá todo para abater a dívida do Paraná. Stephanes reconheceu ser frustrante o fato de o recurso não ser utilizado para investimento. ‘‘Mas é o preço que se paga pela ineficiência do passado na má administração do banco’’, argumentou.
Ele reconheceu ainda como excessivo o repasse de quase R$ 5 bilhões para saneamento da instituição. O pagamento será feito à União em 30 anos. ‘‘A conta vai ser paga pela sociedade paranaense’’, lamentou. O presidente do Banestado também reclamou da perda do banco como patrimônio do Estado. ‘‘A instituição ajudou a construir o Paranᒒ.Estimativa foi feita ontem à Folha pelo presidente do banco, Reinhold Stephanes. Patrimônio líquido é de R$ 300 milhões
Mario CesarPARÂMETRO PARA A VENDAStephanes: problemas de ‘última hora’ vão impedir a publicação do balanço do Banestado no próximo dia 28