Brasília - Apesar da queda da cotação do dólar nos últimos meses, a balança comercial continua batendo recordes e fechou janeiro com superávit de US$ 2,183 bilhões, registrando crescimento nas duas mãos: as importações aumentaram 24,84% e as exportações, 28,34%, em comparação com igual mês de 2004.
O resultado, divulgado ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), traz uma avalanche de números históricos para o mês - de embarques, de desembarques, de saldo e de corrente de comércio, que alcançou US$ 12,705 bilhões. Os números acumulados nos 12 meses encerrados em janeiro - como o saldo positivo de US$ 34,290 bilhões - também superaram os verificados ao longo de 2004, como o superávit de US$ 33,693 bilhões.
Durante a divulgação dos dados, o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, ponderou que alguns fatores que favoreceram os resultados de janeiro não devem perdurar ao longo do ano, como o desempenho das exportações de manufaturas. O secretário, entretanto, esquivou-se de analisar o impacto dos movimentos da taxa de câmbio no comércio exterior em janeiro e sua tendência nos próximos meses. ''Sobre câmbio, eu não me pronuncio'', declarou, ciente do grau de sensibilidade do tema no governo.
No primeiro mês de 2005, as exportações totalizaram US$ 7,444 bilhões - cifra encorpada pelo crescimento de 46,2% nas vendas de manufaturas, considerado ''surpreendente'' por Ramalho. Esse conjunto, que somou US$ 4,341 bilhões, envolveu aviões (81,8%), automóveis (5,0%), laminados planos (33,1%), autopeças (42,5%), calçados (15,2%), telefones (77,7%) e motores para veículos (79,2%), entre outros.
''O aumento das exportações de industrializados foi bem acima da nossa previsão. A base de comparação (janeiro de 2004) não era boa. Embora haja tendência de crescimento das vendas de manufaturas nos próximos meses, não devem ser repetidos porcentuais tão elevados, como 46%'', afirmou.
As exportações de produtos básicos, que somaram US$ 1,770 bilhão, seguiram a tendência sazonal do mês e só tiveram aumento de 1,7%. Mas foram especialmente afetadas pela queda nas preços internacionais de algumas commodities, como a soja. Itens de relevância na pauta exportadora do País, como o minério de ferro e o farelo de soja, tiveram quedas de 15,3% e de 15,2%, respectivamente.
As carnes compensaram essas perdas com expansões de 28,2% (bovina), 160% (suína) e 20,6% (de frango). Os embarques de semimanufaturados chegaram a US$ 1,166 milhões - aumento de 18,4% - graças à elevação das vendas de ferro e aço, ferro fundido e açúcar, e apesar do recuo nas entregas de celulose.