Auxílio emergencial eleva inflação dos mais pobres, diz Banco Central
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
LARISSA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Uma pesquisa do BC (Banco Central), divulgada nesta quinta-feira (17), mostrou o impacto do auxílio emergencial, concedido pelo governo em razão da pandemia da Covid-19, na inflação dos mais pobres.
O estudo indicou que o benefício elevou os preços da cesta de alimentos de quem ganha entre um e três salários mínimos.
Atualmente, o salário mínimo está em R$ 1.045. Assim, a pesquisa considerou a inflação para aqueles que ganham até R$ 3.135.
"Analisamos a cesta de alimentos das faixas de renda mais pobres e mais ricas. Os preços da carne, por exemplo, de primeira, consumida pelos mais ricos, e de segunda, pelos de menor renda, normalmente andam juntos, mas se distanciaram nesse período. Concluímos que o benefício fez sim diferença nesse caso", explicou o diretor de Política Econômica do BC, Fábio Kanczuk.
O levantamento apontou, por exemplo, que o preço de carnes relativamente mais consumidas pelas famílias de menor renda cresceu 20,12% de abril a outubro, enquanto o restante das carnes variou 12,13% neste período.
"O exercício indica que no período recente produtos tipicamente consumidos pelas famílias com rendimentos entre um e três salários tiveram crescimento de preços maior que produtos com comportamento histórico semelhante", concluiu o estudo.
De acordo com a pesquisa, a inflação das famílias com renda mais baixa é maior não só porque essas famílias destinam maior fatia da sua renda na compra de alimentos, mas também porque os produtos que elas consomem apresentaram maior elevação de preços.
"Ainda que não se trate de uma estimativa do efeito inflacionário decorrente das transferências extraordinárias de renda, este resultado é consistente com sua existência. Esse efeito tende a ser temporário", afirma o texto.
O auxílio emergencial começou a ser pago aos mais pobres no início da pandemia, em abril, com o valor de R$ 600. Em setembro, a parcela do benefício, que termina neste mês, foi reduzida para R$ 300.
A análise foi publicada em um boxe, estudos que o BC divulga junto com o Relatório Trimestral de Inflação com temas diferentes a cada edição.